Coloque em prática

6 perguntas para fazer aos seus pais sobre legado e futuro

Apesar do tabu acerca do tema da morte na cultura Ocidental, falar sobre o assunto pode ser vantajoso para todos os lados.

26 de Agosto de 2020


Morte: palavra que causa efeitos diversos por si só - geralmente negativos. Atualmente, por conta da pandemia, é tema diariamente debatido nos telejornais. Afinal, já atingimos a triste marca de 100 mil mortos no Brasil em decorrência da covid-19.

Mas morrer é tão natural quanto viver. Deixar de existir faz parte do processo da existência, e é a única certeza que temos enquanto seres vivos que somos. Habitamos o mundo com a certeza de que um dia mudaremos de endereço - seja lá qual for ele. Olhar o ciclo da vida com sabedoria e afeto pode mudar não só os seus processos pessoais de luto, mas as decisões que toma enquanto os anos se passam.

Tanto que algumas culturas tratam esse momento de passagem como algo a ser celebrado. Diversas crenças - sobretudo orientais - promovem até mesmo festas, oferendas e outras celebrações que dignifiquem a partida daquele ente tão querido, que tanto foi em vida, e muito será em morte.

Para a mitologia grega, por exemplo, a morte não representava um rompimento cruel, mas sim libertador e doce. O assunto é debatido há tantos séculos que surge em diferentes esferas, sob diferentes óticas, como na Bíblia, no Egito Antigo, no Umbandismo, Budismo. É também tema frequentemente estudado pela ciência, como a psicanálise e a neurologia, além de ter sido retratado inúmeras vezes na arte, seja no cinema, nas artes plásticas ou na literatura.

Mas então, por que devemos falar ainda mais sobre ela?

“Mesmo sendo tema frequentemente discutido em tantas frentes, o desafio ainda é grande quando a conversa passa para a mesa de jantar” comenta a administradora Layla Vallias. “Porém, colocar o tema debaixo do tapete não está nos ajudando: o Brasil é considerado , pela Economist Intelligence Unit, um dos piores países para se morrer” continua.

E o que deve ser feito para iniciar essa mudança? “Precisamos lidar com mais naturalidade sobre esse assunto e isso começa com o diálogo” diz. Pensando nisso, Layla criou a primeira startup brasileira focada no mercado maduro e no planejamento de fim de vida, a Janno .

Para ajudar nesse desafio, a empresa criou listas de checklist que podem ajudar àqueles que pretendem se organizar para que, quando o momento chegar, esteja tudo encaminhado - evitando o drama burocrático posterior que se desenrola em meio à um luto.

Além disso, conversamos com Layla para sabermos: o que devemos conversar com nossos pais e avós sobre legado e futuro? Mais do que ouvir suas histórias de vida, é preciso conhecê-los com mais profundidade para enfrentar essa etapa tão delicada com mais facilidade e sabedoria. Em conversa com a empreendedora, selecionamos 6 dicas para começar:

  1. Pesquise

Antes de iniciar a conversa, faça uma lista de tudo que você precisa saber e organizar nesse planejamento de legado e finitude. Lembre que além dos documentos mais lembrados como testamento, número da apólice de seguro de vida, há outras decisões a serem tomadas que são tão importantes quanto, por exemplo, saber como seu pai quer ser cuidado no caso de algum imprevisto, o chamado Testamento Vital.

  1. O momento certo para tratar o assunto

O melhor dia para começar a lidar com o assunto é ontem, e o segundo melhor é hoje, como reforçou à Layla o advogado Flávio Belliboni, que atua com Direito Familiar e Sucessório há mais de 40 anos no escritório Pinheiro Neto Advogados. Portanto, falar sobre isso o mais rápido possível e enquanto seus pais estão saudáveis é o ideal e vai prevenir bastante dor de cabeça e que as preferências deles sejam honradas até o fim.

  1. Como falar sobre o assunto

A gente sabe, falar sobre finitude pode assustar se não for tratado com leveza. Uma dica é se aproveitar de uma notícia da TV, jogos ou até uma sessão pipoca. Os filmes têm o poder de nos colocar no lugar das personagens, vivenciando junto com elas aquela situação. Um exemplo disso é o filme " Como Eu Era Antes de Você" , romance água com açúcar de Thea Sharrock, mas que pode render boas reflexões sobre autonomia e independência. Há também o Cartas na Mesa, jogo traduzido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia que trata de situações difíceis de um jeito lúdico, e ainda o clássico de Adam Sandler, Click. Por fim, um dos filmes mais recentes da Disney, Viva, a Vida é uma Festa , trata do tema com graça e delicadeza - e pode ser um bom ponto de partida.

  1. Não corte seus pais quando eles abordarem o assunto

Nos estudos realizados pela Janno, não foi raro Layla ouvir de seus entrevistados que, quando tentavam falar sobre o assunto com os filhos, eles se negavam a continuar a conversa. Portanto, se seu pai ou mãe quiserem falar sobre desejos, legado e finitude, escute e o apoie. Apesar de 87% dos brasileiros não se sentirem preparados para lidar com a própria morte, conforme a idade passa, fica cada vez mais fácil: 3 em cada 10 brasileiros acima de 65 anos não acham difícil falar sobre o tema. Isso acontece porque os maduros lidam com o assunto, em geral, de forma mais prática.

  1. A herança dos seus pais também contempla valores e conselhos

Depois de conversar com mais de 3.000 americanos 55+ sobre como pensam e lidam com o legado, Kevin Henfman, Diretor do Bank of America, descobriu que 7 em cada 10 entrevistados querem ser lembrados pelas memórias e momentos compartilhados com quem amam. Ajudar seus pais a organizar suas memórias, conselhos e aprendizados é um presente e tanto para quem fica, para você e seus filhos. Você pode começar convidando-os a escrever suas memórias em um caderno e até brincar de jornalista entrevistando-os. “Indico o livro Pai/Mãe, me conta sua história da holandesa Elma Van Vliet”.

  1. Decida, realize as ações necessárias e registre as informações em um lugar confiável

Depois de conversar com a sua família, organize seus documentos importantes, tome as decisões e comece a realizar as ações necessárias. Separe em tópicos que vão da vida jurídica a digital, isso pode facilitar o processo. O Dr. Flávio Bellinoni, diz que, se fosse para priorizar, todo mundo deveria ter no mínimo: um testamento, seguro de vida, plano funeral e pelo menos uma conta conjunta. De nada adianta organizar tudo e não contar pra ninguém. Depois de tomar todas as decisões relacionadas ao planejamento de fim de vida, registre as informações em um lugar seguro e compartilhe com alguém de sua confiança, ou em serviços como o da própria Janoo.

Falar sobre a morte é uma oportunidade de garantir o legado daqueles eu amamos

Agora que você já possui essas dicas, é hora de começar. Lembre-se: essa organização de documentos não deve ser necessariamente um momento mórbido. Tratar com amor e praticidade são as chaves para garantir que o legado daqueles que você ama serão para sempre garantidos. E que                                                                      propósito lindo para se ter, não?

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Cinco livros sobre longevidade e envelhecimento

Conheça cinco títulos que podem oferecer uma nova visão sobre a longevidade e o envelhecimento, no Brasil e no mundo.

27 de Dezembro de 2018


Alguns livros transformam a nossa maneira de pensar. Conheça cinco que podem oferecer uma nova visão sobre a longevidade e o envelhecimento, no Brasil e no mundo. Como Envelhecer (Editora Objetiva) A jornalista inglesa Anne Karpf quebra o paradigma negativo associado ao envelhecimento e sugere que o passar dos anos pode ser enriquecedor e trazer imenso crescimento. A passagem do tempo é parte inevitável da condição humana, e o grande desafio de envelhecer é simplesmente viver. Segundo Karpf, ficar velho não tem a ver com a forma física, mas com estar determinado a viver plenamente em qualquer idade. O Segredo Está nos Telômeros (Editora Planeta) A bióloga molecular Elizabeth Blackburn, premiada com o Nobel de Fisiologia e Medicina em 2009, e a psicóloga da saúde Elissa Epel abordam o envelhecimento sob a perspectiva celular. Elas apresentam ao leitor os telômeros, que são as extremidades dos cromossomos, por sua vez as estruturas das nossas células que armazenam o DNA. Com o passar do tempo, as pontas dos cromossomos ficam mais curtas, fenômeno associado ao envelhecimento e a doenças. Em cada capítulo, as autoras sugerem maneiras de aprimorar a saúde dos telômeros e, consequentemente, o bem-estar cotidiano. A Bela Velhice (Editora Record) A antropóloga Mirian Goldenberg , professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem se dedicado ao estudo sobre o envelhecimento de homens e mulheres. Ela já entrevistou mais de 5 mil pessoas de todas as idades para entender qual é o significado de envelhecer na cultura brasileira. No livro, revela que é possível experimentar o processo de envelhecimento com beleza, liberdade e felicidade. A "bela velhice" é, afinal, o resultado natural de um "belo projeto de vida", que pode ser construído desde muito cedo, ou mesmo tardiamente, por cada um de nós: os velhos de hoje e os velhos de amanhã. Zonas Azuis - A Solução Para Comer e Viver Como Os Povos Mais Saudáveis do Planeta (Editora nVersos) O escritor americano Dan Buettner identificou cinco regiões do planeta nas quais a população tem a maior longevidade e menor taxa de doenças (câncer, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras), quando comparadas com outros lugares da Terra. As denominadas Zonas Azuis englobam a Sardenha (Itália), Okinawa (Japão), Loma Linda (Califórnia), Península de Nicoya (Costa Rita) e Icária (Grécia). No livro, o autor revela porque esses povos vivem tanto e bem, e descreve como podemos incorporar em nosso cotidiano as dietas e hábitos que prolongam as vidas dessas pessoas. Longevidade – Os Desafios e As Oportunidades de Se Reinventar (Editora Évora) Como pensar em uma vida cada dia mais longa sem projetos, sonhos e objetivos? O livro de Denise Mazzaferro e Renato Bernhoeft, especialistas em pós-carreira, inspira o leitor a se reinventar a partir de histórias reais. Sete pessoas, sendo quatro homens e três mulheres, falam sobre a grandeza da vida e de suas possibilidades.

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