Para Inspirar

A amizade em tempos de pandemia

Hoje é o dia do amigo! E o distanciamento social nos fez ver na prática o que estudos já concluíram há tempos: é preciso ter amigos, mas na medida certa

20 de Julho de 2021


Dia 20 de julho comemora-se o Dia do Amigo. Amizade é um tema amplamente explorado pela cultura pop. Prova disso é o sucesso de séries como Friends, que celebrou recentemente um episódio extra , 17 anos após o seu fim. Os estúdios Pixar de animação também decidiram trazer o tema à tona com o mais novo longa-metragem, Luca , onde a união entre dois meninos é o tema central do enredo.

Há ainda clássicos como Gilmore Girls , que trata da amizade especial entre uma mãe e uma filha, ou a sitcom premiada The Office , que traz à luz as amizades no ambiente de trabalho e, por fim, há ainda o Método Kominsky , que retrata a amizade na terceira idade. Em livros, o tema também não para por aí. A tetralogia Amiga Genial, da italiana Elena Ferrante, foi uma febre tão grande que se tornou também série .

Os exemplos, é claro, são infinitos. O fato é que o tema do companheirismo, esse elo tão potente que nos une, foi investigado e reinvestigado e filmado e escrito - de tão potente que é para nossas vidas.


O lado bom das amizades

Lembra do estudo mais antigo da história, iniciado em 1937 pela Universidade de Harvard e ainda em curso? Já falamos dele por aqui, mas o que não dissemos é que, para estudar saúde humana - seu tema central - é preciso necessariamente falar de amigos e sua influência em nossas vidas.

Voluntários de diferentes idades e perfis precisam responder ao mesmo questionamento: o que faz uma pessoa ser saudável? Alimentação, rotina e até riqueza são respostas que esperamos, mas o que mais se ouve são “amigos”. Para os avaliados, ter uma vida social e boas aptidões sociais é um dos principais indicadores de bem-estar na vida de um ser humano.

Não por coincidência, é um dos fatores apontados como responsáveis por uma vida longa, nas chamadas blue zones - que também já falamos neste artigo e neste também. Por lá, além de fatores como cidades mais ativas e maior acesso a saúde, há também comunidades muito fortalecidas entre si, que operam prosperando na vida desses moradores.

Ainda segundo pesquisadores da Universidade Duke, pessoas com menos de 4 amigos oferecem o dobro de propensão a terem doenças cardíacas, já que a ocitocina - hormônio ligado ao bem-estar e muito estimulado em interações sociais - age diminuindo a adrenalina e, por sua vez, o estresse e todos os males que com ele vem. Esse processo fisiológico fica ainda mais intenso quando trata-se de um novo amigo, mas sabemos que fazer novas amizades vai se tornando mais difícil com o passar da vida e suas novas responsabilidades.

Tempos pandêmicos

Investigamos por aqui o que esperar dos relacionamentos pós-pandemia . Sabemos que, com o distanciamento social, a solitude e o silêncio se intensificaram, e isso, é claro, reflete em nossa capacidade e disposição para nos relacionar. A notícia boa é que, aos que ficaram ainda unidos, o elo nunca esteve tão fortalecido.

A notícia ruim é que, evidentemente, podemos ter perdido algumas conexões nessa trajetória. “O coronavírus nos forçou a desenhar o mapa de nossas conexões. Neste novo atlas, a noção de amizade resplandece como uma pedra antiga. Sabemos que é muito importante e também sabemos que é um mistério”, poetiza a jornalista Mar Padilla em artigo para o El País.

Um estudo da Universidade de Oxford cravou há quase 20 anos: é impossível administrarmos muitas amizades. Guiada pelo zoólogo, antropólogo e psicólogo, Robin Dunbar, a pesquisa concluiu que há “uma correlação direta entre o número de neurônios neocorticais e o número de relações sociais que podemos administrar”.

E ele vai além: em uma nova e mais recente atualização, ele crava que os humanos só conseguem administrar verdadeiramente 5 amizades próximas. Isso porque criar e manter esse elo dá muito trabalho, tanto no tempo despendido — 40% do nosso tempo social é dedicado somente a eles— como na atuação dos nossos mecanismos cognitivos.

Sendo assim, o vírus de fato elucidou algumas velhas questões, mas não mudou tanto no panorama geral. “Algumas amizades individuais podem desaparecer e novas podem ser criadas, não tanto por causa das bolhas e distâncias sociais, mas por não podermos ver alguém com a frequência que costumávamos ver. As amizades permanecem estáveis enquanto vemos a pessoa com a frequência necessária”, diz ele ao El País.

Se é impossível ser feliz sozinho, segundo Tom Jobim, é igualmente impossível investir em muitas conexões simultaneamente, sobretudo em tempos onde estamos com a energia mais calculada. Afinal, qualidade e não quantidade de amigos é o que verdadeiramente exerce efeito em nosso bem-estar, como contamos aqui .

Esteja atento às conexões de qualidade, e aprenda como manejá-las e não as perdê-las de vista. Mais vale um bom amigo do que dez outros colegas. Você está atento?

Compartilhar:


Para Inspirar

Como ajudar o próximo pode ser benéfico para você?

Doações de tempo ou de dinheiro ajudam a mudar realidades inteiras, mas também podem ajudar a sua própria realidade. Saiba mais.

29 de Abril de 2021


Chegamos ao fim de mais uma temporada do Podcast Plenae - Histórias Para Refletir. Para encerrar, conhecemos o trabalho incrível realizado pela dupla de mãe e filha, Kety e Gabi, respectivamente. Criadoras do Flores para os Refugiados, o ateliê e floricultura revertem grande parte de seu lucro para continuar o trabalho voluntário realizado pelas duas mundo afora, que tem o objetivo de ajudar imigrantes.

Para elas, o trabalho voluntário é o propósito principal de suas vidas. Desde o primeiro contato com a prática, a vida de ambas nunca mais foi a mesma. Isso porque elas perceberam o que algumas pesquisas já confirmaram: ajudar o próximo surte efeito positivo em suas próprias vidas.

A voz da ciência

Um estudo conduzido pela Harvard School comprovou que pessoas que doam, de alguma forma, são mais felizes, como te contamos nesta matéria . E a boa notícia é a de que, segundo estudos , as novas gerações doam mais e são mais engajadas em diversas causas. É sinal de que a conscientização acerca desse tema esteja ganhando cada vez mais força.

Mas e quando a doação será de tempo, e não de bens materiais? Os benefícios podem ser ainda mais impressionantes. Em entrevista ao Jornal Extra , o neurocientista Jorge Moll Neto trouxe o resultado de experimentos realizados, que utilizaram a ressonância magnética como mecanismo para mapear áreas do cérebro no momento do trabalho voluntário.

O estudo concluiu que as pessoas envolvidas nesse processo tiveram o seu “centro de recompensa” cerebral ativado durante o momento, na mesma medida e intensidade do que outras pessoas que também vivenciaram outros momentos prazerosos, como comer comidas que gostam, ouvir música e até receber um elogio.

“Vimos também que o doar ativou, de forma seletiva, duas regiões do cérebro (o córtex subgenual e a área septal) que estão relacionadas ao sentimento de apego, de pertencimento. Essas regiões estão envolvidas, por exemplo, no cuidado que uma mãe tem com o filho e na união entre casais. Ou seja, quando você age em favor de uma causa ou princípio importante, você está ativando um sistema que foi desenvolvido ao longo de milhões de anos para promover os laços familiares e de amizade”, contou ele à reportagem.

Ele ainda pontuou que diversos estudos acerca do tema já comprovam que se engajar em causas está intrinsecamente ligado à uma redução do risco de doenças como depressão ou problemas cardíacos, e que promover o bem-estar alheio pode levar o praticante a uma maior longevidade.

E falando em viver mais, o trabalho voluntário pode realmente ser uma ponte para essa tão almejada longevidade. “Importantes pesquisas conduzidas por instituições do peso da Universidade de Harvard, já comprovaram que pessoas que desenvolvem atividades voluntárias têm, em média, uma maior expectativa de vida, assim como mais qualidade no viver” aponta a psicóloga Andrea Bossan para entrevista na Folha de São Paulo.

A explicação fisiológica parece estar ligada a um aumento de neurotransmissores durante essa atividade voluntária, além da liberação de hormônios como endorfinas e a serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar e até de um fortalecimento do sistema imunológico.

De acordo com o Relatório Mundial de Felicidade de 2019, há algumas pesquisas que já trabalham com a conexão do voluntariado e esse bem-estar, que gera uma maior satisfação existencial, emoções positivas e, novamente, redução de doenças emocionais como a depressão.

Continuidade

Porém, é preciso que esse trabalho voluntário seja contínuo, e não somente pontual, para que esses efeitos sejam sentidos. Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Flinders, na Austrália, aponta que esses efeitos positivos são breves caso não haja a frequência necessária.

Os participantes desse estudo vivenciaram um aumento imediato do bem-estar subjetivo logo após o trabalho de voluntariado, mas um ano depois os níveis voltaram ao que eram antes dessa atividade, caso ela não tivesse sido mantida. Essa permanência pode ser boa não só para a sua saúde, como para a busca do seu propósito de vida.

É o caso de Telma Sobolh, presidente do voluntariado realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, e envolvida com o trabalho há 36 impressionantes anos. O trabalho da instituição nasceu em 1955, junto com a fundação do hospital em si. “Os médicos que fundaram e idealizaram o hospital buscavam uma proposta de arrecadar fundos para construção do hospital, mas essa área filantrópica da instituição acabou sendo o primeiro serviço a funcionar mesmo com a estrutura inacabada do hospital”, conta Telma.

Eles começaram a atuar em Paraisópolis, hoje uma comunidade, mas na época um bairro nos arredores. Em uma visita a essa região para fazer propaganda do hospital, eles passam a trazer pessoas daquela região para dentro do Einstein. Hoje, essa equipe de voluntariado continua a atuar na mesma região, mas com ações que englobam de crianças à idosos, contemplando os 69 setores diferentes em que o hospital atua.

“Muitas são as razões que movem uma pessoa que procura ser voluntária. Uns buscam fazer mais amigos, outros por questões religiosas, há os que buscam uma satisfação pessoal, são inúmeras as razões.. Se ela não fizer e não acreditar no que ela tá fazendo, ela não fica, sai logo”, diz ela, que atua na coordenação desses voluntários e vê de perto essas permanências e desistências.

“Ser voluntário é um privilégio. Durante a vida, seus gostos vão mudando, você vai se adaptando às necessidades que a vida vai te impondo, como uma profissão que você escolheu aos 18 e se arrepende. E é no hobby que muitas pessoas realmente descobrem o que gostam de fazer, o que amam. E ser voluntário está intimamente ligado a esse prazer”, conclui.

Atualmente, o projeto do Einstein está com todos os seus esforços voltados para a pandemia, sobretudo no que tange a educação. Há diferentes iniciativas voltadas para a promoção da capacitação na região de Paraisópolis, levando acesso à internet e uma gama variada de cursos. Mas, sendo um hospital, evidentemente eles também atuam com a saúde da população, da prevenção ao atendimento.

Há uma gama imensa de possibilidades para se atuar como voluntário, e uma parcela alta da população precisando de um serviço que você mesmo pode prestar. Pense que, mais do que fazer o bem sem ver a quem, você estará trazendo inúmeros benefícios para sua vida. Que tal começar ainda hoje esse ato de amor tão potente?

Compartilhar:


Inscreva-se na nossa Newsletter!

Inscreva-se na nossa Newsletter!


Seu encontro marcado todo mês com muito bem-estar e qualidade de vida!

Grau Plenae

Para empresas
Utilizamos cookies com base em nossos interesses legítimos, para melhorar o desempenho do site, analisar como você interage com ele, personalizar o conteúdo que você recebe e medir a eficácia de nossos anúncios. Caso queira saber mais sobre os cookies que utilizamos, por favor acesse nossa Política de Privacidade.
Quero Saber Mais