Para Inspirar

Desmistificando conceitos: o que é o afeto?

Mais do que o significado comum, que relacionamos aos sentimentos bons dirigidos à alguém, afeto vai além disso e reverbera de diferentes formas dentro de nós

4 de Novembro de 2020


Segundo o site Origem da Palavra , especialista em oferecer etimologia de termos comuns no nosso dia a dia, “afeto” e “afetar”, possuem a mesma raiz. “Elas derivam  do latim AFFECTIO, “relação, disposição, estado temporário, amor, atração”, da raiz de AFFICERE, “fazer algo, agir sobre, fazer, manejar (...)”.

Indo por essa linha, o doutor em ciências sociais pela PUC-SP e professor na Faculdade Casper Líbero, Luís Mauro de Sá, discorre em vídeo para a Casa do Saber , sobre o conceito do afeto baseado, sobretudo, nos estudos do filósofo Baruch de Espinosa - aquele mesmo, citado em nossa matéria sobre Panteísmo . Mais do que discorrer sobre as manifestações divinas, o estudioso holandês também debruçou-se sobre a alma humana.                                

Apesar de sermos seres racionais, somos muito afetados também pelas nossas emoções

Luís Mauro começa o vídeo falando sobre a dualidade mais antiga que permeia o ser humano: somos seres racionais, mas muito afetados também pelas nossas emoções, ainda que em tempos modernos elas insistam em ser sufocadas pelo nosso cotidiano.

O professor defende que, para sermos compreendidos - e, porque não, nos compreender - precisamos levar em consideração “a dimensão fundamental do afeto”. Para isso, ele se vale nos escritos da filosofia, e não necessariamente a contemporânea.

Mesmo que tenha publicado seus principais escritos ainda no século 18, Espinosa já ressaltava a importância justamente de estarmos atentos aos nossos afetos. O filósofo foi um desses casos não tão raros de escritores valorizados postumamente. Até porque, em sua época Espinosa era considerado um ateu a ser renegado.

Isso, é claro, era mentira - e se dava somente pelo fato do filósofo ter criticado, muitas vezes, a forma como os estudos teológicos endurecem as concepções possíveis de Deus, como explica o professor de História e Filosofia da UNIFESP, Fernando Dias Andrade em vídeo para a Casa do Saber .

                                             
Para Spinoza, Deus é maior e mais forte do que as amarras da religião

Para ele, religião é um conjunto de verdades simples e irrefutáveis, que até mesmo a razão é capaz de reconhecê-las como verdadeiras. São elas: Deus existe; Devemos amar o próximo; Devemos cumprir nossas promessas; entre outras. Cientistas como Albert Einstein passaram a se autodenominarem como “espinozistas”, gerando ainda mais resistência ao filósofo por parte dos teólogos da época.

Deu para perceber que, apesar de polêmico, o filósofo era também avesso à firulas, por assim dizer. De caráter mais prático, ele buscava entender o que eram as coisas de fato e como elas repercutiam em nós. E é aí que voltamos ao afeto e ao professor Luís Mauro: devemos ir além do que conhecemos por afeto, geralmente relacionados ao carinho destinado à alguém, ou sempre num sentido mais positivo.

Isso está correto, mas não se delimita somente a isso. O afeto mora também em tudo aquilo que nos afeta de alguma maneira, aquilo que “move a minha alma”. Ele está ligado ao verbo afetar - aquilo que me afeta, seja qual for sua forma. Exatamente da forma que explicamos ainda no início dessa matéria, quando trouxemos a etimologia da palavra.

Valorizar somente a nossa racionalidade é uma armadilha, pois isso nos coíbe de valorizar o tempo dos nossos afetos. Ainda que em tempos de redes sociais estejamos falando cada vez mais sobre nós, também estamos o fazendo de forma cada vez mais rasa, sem parar para prestar atenção justamente no que verdadeiramente nos afeta.

Para o psicanalista Wilson Klain, em Café Filosófico gravado pela TV Cultura , o afeto “nasce no corpo, parte do corpo e age sobre o corpo”. Portanto, ele é indissociável de nós mesmos. Apesar de serem como “nuvens”, segundo o próprio, por não serem físicos ou possíveis de serem pegos na mão, eles são sentidos profundamente por nós. São produzidos pelo organismo e, simultaneamente, são orgânicos.

                                          
Pode-se concluir, portanto, que afetos são conjuntos de manifestações orgânicas e atribuições psíquicas que permeiam todas as nossas emoções, tanto as positivas como as negativas. Ele nunca é neutro, pois vem sempre repleto de significados, alegrias, tristezas, dores ou prazeres. Justamente porque, em sua essência, ele nos afeta.

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O sono na quarentena: conversa entre Abilio Diniz e Dr. Geraldo Lorenzi Filho

Diferentes queixas acerca do tema têm surgido por parte dos que estão em casa. A pergunta é: o que fazer para melhorá-lo?

26 de Abril de 2020


Como anda o seu sono na quarentena? Especialistas têm ouvido constantemente a mesma queixa: a insônia está fazendo parte do dia a dia das pessoas, até mesmo daquelas que nunca sofreram com isso. Segundo o doutor Geraldo Lorenzi Filho, isso pode estar acontecendo pela falta de rotina, ponto chave para um sono regulado. Em conversa ao vivo com Abílio, transmitida pelo Instagram do mesmo, o médico relatou alguns pontos que podem estar ocasionando esse desconforto, mas todos eles levam à uma rotina que hoje se vê diferente e em crise. “Falta de horários regulados, escassez de exercícios físicos e alimentação desregulada - tudo isso pode contribuir para uma má qualidade do sono” comenta Geraldo. Abílio, por sua vez, conta um pouco de sua própria experiência com o descanso. “Tenho aprendido ao longo da minha vida que o sono é muito importante, reflete em todo o resto da nossa vida. Se você não está descansado, nada mais funciona direito” comenta o empresário. E é um fato: dormir mal é prejudicial a toda sua saúde. Mas então, o que fazer? Em primeiro lugar, manter-se ativo. “Não existe desculpas para o exercício físico, mesmo não podendo sair de casa. Você pode assistir videoaulas e utilizar os próprios utensílios da sua casa. Minha esposa segura uma caixinha de leite em cada mão para servir de peso” diverte-se o médico. Em segundo lugar, não aceitar o fato de dormir mal como uma verdade. “Não pode ficar só falando “eu durmo mal”, e começar a olhar nossas rotinas e o que você pode fazer por ela” continua. Uma atitude simples que pode ajudar (e muito!) o seu sono é a privação de tecnologia e telas antes de dormir. “Não só pelo efeito negativo que a tela exerce sobre a nossa produção hormonal, mas também pela distração que esses dispositivos podem gerar”. A criação de rituais prévios pode te ajudar a disciplinar sua mente e seu corpo. Que tal definir o seu momento de leitura sempre antes de dormir? “Opte por livros físicos ou e-readers eletrônicos como o Kindle . Porque eles não vão te oferecer distrações” pontua Lorenzi. “O sono é parte de um todo. Se você tem um dia programado, com uma rotina normal, cheio de atividades que fazem bem, o sono é consequência.” Ter o banho como rotina prévia do sono pode ser interessante, como faz Abílio. Assim como as pessoas desempregadas, que tendem a se perder um pouco em seus horários, todos que estão de quarentena sofrem esse mesmo risco. “Precisamos tomar cuidado, apesar da biologia de cada um, a nossa tendência é sermos animais diurnos, funcionamos muito melhor de dia do que de noite. Para reverter esse quadro dos horários trocados depois é bem difícil e pesaroso” diz Geraldo. “Quando eu era criança, às 23h da noite a TV Tupi tinha chiado, justamente porque íamos dormir nessa hora, não existia esse conceito de 24h operando.” Uma outra dica chave para pegar no sono é fazer um diário de preocupação. “Escreva em um caderno algo que às 3h da manhã você não vai resolver. Ao fazer essa espécie de ‘download’ dos seus problemas que estão te preocupando ou que te tomarão tempo amanhã, você já tira isso da sua frente” revela o especialista. Abílio concorda, e divide o conselho de sua antiga terapeuta: “Na época em que enfrentei alguns problemas pessoais, também sofri com problemas de sono. Minha analista da época me deu uma dica muito valiosa: não brigue com o sono. Pegue uma caneta e uma agenda e comece a escrever o que você tá pensando, o que tirou seu sono. Depois de um dia ou dois, pegue esse caderno e leia. Você vai conseguir distinguir aquilo que é real e aquilo que é imaginário, os seus fantasmas da madrugada. Se você dá vazão à sua imaginação, você coloca as coisas muito além, muito pior do que a realidade”. Se você não tem uma atividade pela manhã, evite de começar a compensar o sono pela manhã, dormindo até tarde. “Um dos tratamentos para a insônia é justamente a privação do sono, mas em horários inadequados. Isso é um tíquete carimbado para dormir a noite. Muito cuidado, mantenha a disciplina, não tente dar uma compensada pela manhã. A dormidinha na frente da televisão às 19h, é o começo da crise” diz Geraldo. O mesmo vale para os fins de semana: mantenha a disciplina. “Se no fim de semana você dorme muito mais, é porque você está reproduzindo o padrão típico de restrição de sono ao longo da semana e compensa no sábado e domingo, causando um efeito de atraso” explica o especialista. Valorize as práticas meditativas, que são ótimas. “O momento da meditação é pessoal, o meu por exemplo, é pela manhã, mas tem reflexos positivos pro resto do meu dia.  Me exercito 2 horas por dia, 1 hora é exercício aeróbico, como esteira e tudo mais. Na hora seguinte, eu medito e faço minhas preces. Normalmente eu nem acendo a luz. Vou vendo o dia clarear enquanto exerço essas práticas” comenta Abílio. Esqueça velhos conceitos que podem gerar ansiedade, como a necessidade de dormir uma quantidade exata de horas. “Quanto é bom dormir é pessoal de cada um, você tem que se conhecer e se sentir bem para o dia seguinte. Thomas Edison, criador da lâmpada, costumava dizer que 4h e meia era mais do que suficiente, só que o einstein precisava de 10, e os dois são gênios” comenta. E essa variação de horas pode sofrer alterações ao longo da vida. “É só ver quantas horas dormem as crianças e os adultos” Abílio conclui a conversa com sua própria reflexão. “Eu sou matutino, gosto de levantar cedo e não gosto de ir dormir tarde. Gosto mais de inícios que do fim. Gosto até mesmo mais do nascer do sol do que do pôr dele. Gosto de começar empreendimentos, não gosto do fim deles. Eu simplesmente odeio cebola, despertador e despedidas.”

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