Para Inspirar

Dia do Enfermeiro: conheça a história da data e da profissão

Oficialmente estabelecido em 1974 pelo Conselho Internacional de Enfermeiros, a data homenageia o trabalho tão importante desses profissionais.

11 de Maio de 2020


O ano era 1820, e o dia era 12 de maio. Nascia Florence Nightingale, considerada a mãe da enfermagem. Isso porque, apesar de ser rica e bem relacionada, Nightingale dedicou sua vida aos cuidados primários e assistenciais a quem mais precisava. Sua atuação de maior destaque foi durante a Guerra da Crimeia, de 1853 a 1856, onde usou de maneira pioneira o modelo biomédico, ou seja, baseando-se na medicina praticada pelos médicos, e também por ter ficado conhecida como "Dama da Lâmpada", instrumento que usava durante a noite para ajudar os feridos. Por ter contraído febre tifoide durante sua atuação na guerra, Florence ficou impossibilitada de continuar atendendo na linha de frente, mas dedicou o resto da sua vida à academia, fundando a primeira Escola de Enfermagem do mundo na Inglaterra, em 1860. Em homenagem ao então ícone da profissão, surge o Dia Internacional da Enfermagem, criado em 1965 mas instituído a nível internacional somente em 1974. Aqui no Brasil, a data é celebrada desde 1938, quando o então presidente Getúlio Vargas definiu a data de 10 de agosto para essa celebração. Mas o país acompanhou a mudança estabelecida para maio quando decretou-se internacionalmente. Por aqui, é comum comemorar-se a Semana da Enfermagem , e ainda o Dia do Auxiliar e Técnico de Enfermagem um pouco depois, no dia 20 do mesmo mês. Isso porque hoje em dia o trabalho da Enfermagem, já de suma importância, é ainda acompanhado de uma equipe multidisciplinar composta por auxiliares e técnicos que realizam as funções mais básicas para que o enfermeiro possa realizar as de maior complexidade. Dentre suas muitas funções e tarefas, destaca-se o atendimento assistencial. É papel da enfermagem acompanhar diariamente o paciente que está internado, preencher o seu prontuário, aplicar suas medicações e tomar nota de suas evoluções. Cabe ao médico o trabalho de, uma vez ao dia, avaliar o que foi feito e sugerir futuras condutas para que o enfermo possa enfim ter alta. Já no pronto atendimento ao paciente que não está internado, mas passa pelo hospital, o seu primeiro atendimento será diretamente com a enfermagem, que irá não só aferir os seus principais sinais vitais e tomar nota de seus sintomas, mas também classificar a gravidade do seu caso antes de encaminhá-lo para o médico específico de seu caso. Em tempos de pandemia como os que estamos enfrentando, esse profissional se faz ainda mais imprescindível. Por conta do alto volume de internações nos hospitais, cabe aos enfermeiros organizar esse fluxo e prestar os cuidados diários, 24h por dia, aos pacientes de sua incumbência. Parabéns aos heróis e profissionais dessa área.

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Para Inspirar

Desmistificando conceitos: as culturas indígenas modernas

O que mudou e quais são os velhos preconceitos que devemos deixar para trás quando o assunto é cultura indígena? Saiba mais!

19 de Abril de 2022


Hoje, dia 19 de abril, comemora-se o Dia do Índio. A data nasceu inspirada em um protesto dos povos indígenas do continente americano ainda na década de 1940, quando um congresso organizado no México se propôs a debater medidas para proteger os índios no território, segundo a BBC.


Nesse dia, é comum ver escolas pintando seus alunos e os enfeitando com cocar. Instituições mais sérias também acabam se mantendo nesse mesmo lugar, de uma celebração superficial de certa forma. Isso porque enquanto estamos celebrando a beleza indígena focados apenas em seus adereços, a comunidade vai perdendo cada dia mais os seus direitos.


A pesquisa “Narrativas ancestrais, presente do futuro”, publicada nesta quarta-feira (13) pela Amoreira Comunicação e também publicada pelo jornal Nexo mostrou, depois de mais de 350 entrevistas - de lideranças indígenas a eleitores conservadores - que a questão indígena ganhou alcance no debate público com a valorização do discurso ambiental e a emergência de lideranças, pensadores e artistas. Mas também mostra que as percepções sobre esses povos são muito distintas, e falta conhecimento sobre o tema para uma parcela da população.


De acordo com o Censo 2010, no Brasil existem, aproximadamente, 897 mil indígenas. Entre essas pessoas, cerca de 517 mil vivem em terras indígenas. Existem hoje 305 etnias e 274 línguas indígenas. A maioria dos indígenas brasileiros não falam a língua indígena (57%).


O indígena hoje 


O fato de o último Censo ter sido feito há 12 anos já demonstra um pouco do descaso que os últimos governantes têm tido com a causa, afinal, em mais de uma década, esses números tidos como oficiais já devem ter mudado. Além disso, a questão territorial está cada dia mais em pauta. 


Há muitas tensões entre o governo atual, regido pelo presidente Bolsonaro, e os indígenas. A BBC, novamente, pontuou ao menos 5 neste artigo - e ainda trouxe a vontade que têm pulsado entre eles de ocupar mais cadeiras no Congresso Nacional.


Mas o que nós, enquanto sociedade, podemos fazer para estarmos mais atualizados e deixarmos os preconceitos de lado quando o assunto é a cultura indígena? Segundo a cantora e jornalista Djuena, é preciso, antes de mais nada, parar de tratar todos os povos como um só, porque isso interfere na individualidade de cada um, além de minar a riqueza que se pode encontrar dentre esses tantos. 


“O que a gente ainda vê é que as pessoas enxergam os povos indígenas como se fôssemos todos iguais. Mas não é assim, há muita diversidade, somos 305 povos no Brasil, sendo falada mais de 200 línguas. Cada um tem sua especificidade, sua particularidade, sua cultura, seus cantos, seus rituais. Mas nós temos uma única coisa em comum: a nossa luta pelo nosso território”, diz.


Djuena, que já apareceu aqui no Plenae, em uma participação no Plenae Drops, tem 38 anos e pertence ao povo de Tikuna, conhecidos também como povo da Magüta. Ela nasceu na aldeia chamada Aldeia Umariaçu II, já na fronteira entre Colômbia e Peru, no município de Tabatinga, a 1107 km de Manaus. 


“Até hoje, em algumas comunidades, nós continuamos fazendo nossos rituais, que é o ritual da moça nova. E a gente acredita muito nessa cultura, que é essa força que eu enquanto cantora carrego dentro de mim. Eu ouço as histórias, sendo contada pelos mais velhos e esse é o caminho que eu continuo seguindo, tenho muita fé na minha cultura. Apesar da igreja ter chegado nas comunidades, assim como em todas as comunidades indígenas do Brasil, ainda mantemos muito nossa identidade graças aos nossos avós que ainda estão firmes, mantendo viva a tradição, a cultura e o ritual”, diz.


Enquanto cantora, ela sente o preconceito na pele por não ser chamada para expor sua arte em grandes locais, a menos que ela mesma faça essa movimentação. “Eu canto na minha língua materna, que é uma língua indígena. Eu não tenho espaço pra mostrar o meu canto, mas no momento em que eu cantar em português, eu vou ter mais espaço para certos festivais, certos lugares”, conta.


As redes sociais e os indígenas


Hoje, ela conta que já conseguiu organizar um movimento cultural de ocupação no Teatro Amazonas, que não recebia a cultura indígena há muito tempo. Em 2017, ela lançou seu primeiro disco solo por lá. E, graças às redes sociais, Djuena consegue mostrar ainda mais do seu trabalho e chamar atenção.


Isso tem sido comum entre eles: resistir e mostrar sua resistência por meio de suas contas nas mais diversas plataformas. “Hoje, com as redes sociais, a gente divulga mais a nossa cultura. Eu sou jornalista, por que eu não posso criar um portal de notícias indígenas? Hoje tem muito influencer digital também mostrando suas culturas. E é preciso, porque em vários espaços há preconceito. Ainda tem muito essa questão de que as pessoas enxergam nós como inferiores e não como protagonistas de nossa própria história”, diz.


Esse movimento ganhou ainda mais força com a pandemia, que obrigou inclusive os povos indígenas a se manterem reclusos em seus territórios, por motivos sanitários. Afinal, há muitos povos que estão instalados longe de capitais ou de qualquer outro contato rápido com atendimento médico, o que poderia dificultar e até dizimar centenas de pessoas caso houvesse contração do coronavírus.


O próprio povo de Tikuna, etnia da Djuena, teve contato com um médico que contraiu o coronavírus, ainda em 2020, marcando a primeira vez que foi registrada no Brasil a possibilidade de o coronavírus ter infectado povos indígenas. E é por isso que eles, assim como todo o resto do Brasil - e do mundo! - recorreram às mídias sociais para continuar a ter contato com a sociedade e expor suas ideias e lutas.


“A pandemia chegou com tudo né, deixando todo mundo em casa. E aí, como é que nós vamos fazer nossa luta? Se não fizermos, ninguém fará por nós. E aí nós nunca tínhamos espaço pros nossos movimentos, porque dessa vez, tínhamos que ficar em casa. E a pandemia colocou todo mundo online, a partir daí só aumentou o que já vinha acontecendo, já existia a mídia índia, uma rede de comunicadores indígenas, entre outras redes. A partir daí, começamos a nos organizar melhor”, conta Djuena.


O que não fazer/falar


O primeiro preconceito a ser deixado de lado, então, é justamente a ideia de que índio não tem celular ou não usa tecnologia. Isso é mentira, afinal, não é porque sua cultura e rituais são diferentes que eles não estão inseridos no século XXI. O próprio termo “índio” também caiu em desuso, dando espaço ao termo “indígena”, que usamos ao longo deste artigo.


Ao G1, o doutor em educação pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos, Daniel Munduruku explicou que a palavra "índio" remonta a preconceitos - por exemplo, a ideia de que o indígena é selvagem e um ser do passado - além de "esconder toda a diversidade dos povos indígenas". 


Vale lembrar que também foi um termo cunhado pelos colonizadores, que tanto exploraram esses povos. "A palavra 'indígena' diz muito mais a nosso respeito do que a palavra 'índio'. Indígena quer dizer originário, aquele que está ali antes dos outros", defende Munduruku. 


"Tribo", como explicou o jornal Alma Preta, também vêm sendo questionado pelos povos originários, já que a palavra também foi criada pelos colonizadores e reduz a pluralidade de cerca de 1.000 etnias indígenas que existiam no país na época do “descobrimento”. É preferível usar “povos”, “aldeia” ou “comunidade”.


Expressões como “programa de índio”, tratar a “cultura” dos indígenas no singular e não no plural, acreditar que eles não trabalham só porque o trabalho deles se dá de forma diferente da nossa, dizer que eles são “sustentados pelo governo” ou “atrasados na cultura”, e pior, achar que está sobrando terra - tudo isso é ofensivo, violento e errado, como explicou José Neto em um vídeo para o Governo do Pará e também o artigo do Ensinar História.


Por fim, perpetuar a crença preconceituosa de que indígenas não fazem nada além de cultivar as terras é também errado. Apesar de eles ainda serem os grandes guardiões de nossas florestas e protegê-las da exploração, os indígenas hoje já são médicos, advogados, artistas, políticos e jornalistas, como a própria Djuena. 


“A gente pode ser o que a gente quiser e as pessoas têm que aceitar isso. Porque afinal, como diz a Sônia Guadalajara, nossa grande líder, o Brasil inteiro é uma terra indígena. Então a gente tem que rever os nossos conceitos, a história de tudo como aconteceu, a colonização fez essas pessoas pensarem que o índio tem que estar no lugar dele. Mas não. A gente pode estar onde a gente quiser”, conclui. 

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