Para Inspirar

O papel dos sonhos na nossa vida e até na saúde

Neurocientista une história e ciência em livro para mostrar o impacto dos eventos oníricos na saúde e nos caminhos da nossa espécie

22 de Agosto de 2019


Já encarados como algo sem nexo nem valor científico, os sonhos que há mais de um século foram resgatados por Sigmund Freud (1856-1939) hoje encontram na neurociência as provas de seu fascinante papel para o cérebro, a mente e a cultura humanas. Se povos e civilizações antigos os interpretavam como profecia e guia para decisões coletivas, dá pra dizer que, do ponto de vista psicológico e biológico, as narrativas oníricas permitem recrutar memórias e dados do passado (muitos inconscientes) para prever problemas e planejar soluções no dia a dia. É o que defende o cientista brasileiro Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande Norte, no livro O Oráculo da Noite (Ed. Companhia das Letras). A obra revisita nossas origens como espécie e sociedade e, com um extenso repertório que mescla de literatura antiga a experimentos de laboratório de última geração, vislumbra o potencial de usarmos os sonhos para nos aperfeiçoarmos como indivíduos e humanidade. A seguir, você confere o bate-papo com o autor sobre o tema: SAÚDE: no livro, o senhor fala que os sonhos foram vítimas de uma descrença científica, mas que isso está mudando. Pode explicar? Sidarta Ribeiro: O sonho esteve no centro dos fatos políticos, sociais e culturais nos limites da história. Mas sua importância começa a ruir com o mercantilismo, o capitalismo industrial e depois financeiro. Ninguém imagina numa reunião do board de uma empresa uma decisão tomada com base no que alguém sonhou. É Freud quem resgata a ideia de que sonhar é a melhor maneira de acessar o inconsciente e que o sonho deve ser interpretado dentro do contexto do sonhador. Hoje as pesquisas mostram que esse fenômeno é decisivo para a formação e a consolidação das memórias, a criatividade e a saúde cognitiva e mental. Sonhar também foi crucial para a evolução da nossa espécie? Uma das teses do livro é: o que nos tirou das cavernas foi a capacidade de sonhar e narrar. A evolução do sono nos animais e, mais tarde, a evolução dos sonhos nos mamíferos faz parte do mecanismo adaptativo que garantiu nossa sobrevivência e sucesso. O sonho integra, assim, um maquinário biológico que, ao acessar e combinar memórias e informações do passado, permite nos preparar para o futuro, como um oráculo probabilístico. Restrições ou prejuízos ao período em que deveríamos estar sonhando podem afetar nossa saúde? Sabemos que o sono tem um grande impacto na saúde física e mental. Quem dorme mal corre maior risco de ter obesidade, hipertensão, depressão, Alzheimer… Mas um sonho ruim [a capacidade de sonhar prejudicada], ainda que possua efeitos mais sutis, tem repercussões negativas para a memória. O período do sono REM, em que a gente mais sonha, é fundamental para atenuar o impacto de vivências negativas, por exemplo. O senhor defende no livro que a gente busque recordar os sonhos. Por quê? O sonho é uma antena de tudo que acontece ao redor e que por vezes fica no inconsciente. Voltar-se para os sonhos é uma forma de lidar com os acontecimentos e preparar-se para o que vai ocorrer. Para nos recordarmos deles, podemos criar o hábito de mentalizar, antes de dormir, o que queremos sonhar e a intenção de recuperar esses sonhos, e o de, ao despertar, ficar mais alguns minutos na cama tentando resgatar o que foi sonhado. Qual é o potencial do sonho para a medicina hoje? Freud propôs há 120 anos que os sonhos são a via régia para o inconsciente, e o seu potencial para o conhecimento mental vem se revelando cada vez mais na psicologia e na psiquiatria. Pesquisas feitas aqui no Brasil atestam esse papel e mostram que isso é verdade até mesmo em casos de psicose. Estudos que se valem de relatos de sonhos mostram, por exemplo, que eles são úteis para diagnosticar distúrbios psiquiátricos, principalmente a esquizofrenia. A capacidade de domar os próprios sonhos — o sonho lúcido — pode ser bem-vinda à humanidade? Controlar os próprios sonhos é uma maneira reconhecida de superar traumas, se libertar de pesadelos e episódios negativos. Aprimorar essa capacidade seria bem-vindo a pessoas saudáveis, embora não pareça algo bom para pessoas com psicose, porque há o risco de se confundir ainda mais realidade com imaginação. Da perspectiva da espécie humana e do planeta, os sonhos foram abandonados nos últimos 500 anos por um mundo focado na aquisição de bens, que pouco se preocupa aonde as coisas vão chegar. O sonho lúcido nos abre para a possibilidade de sermos mais introspectivos e controlarmos melhor nossa mente, e isso nos ajuda a prever rumos e a escolher qual o mundo que queremos, algo que hoje parece estar num caminho um tanto perigoso. Fonte: Diogo Sponchiato, para Saúde Leia o artigo original aqui .

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O que mudou na criação dos nossos avós para cá?

Da alimentação às punições, os pais hoje olham para a educação que tiveram e não perpetuam para seus filhos em vários pontos.

26 de Julho de 2022


Hoje é o Dia Nacional dos Avós! Quem teve a sorte de poder contar com essas figuras tão especiais na vida, sabe o privilégio que é na maioria das vezes. Não por coincidência, o bordão “na casa de avó, tudo pode” é tão difundido no nosso país, e essa figura é associada em filmes e livros a uma figura amorosa e generosa.


Mas o que muitas vezes esquecemos é que nossas avós já foram mães um dia, e nossos avôs, pais. E com isso, tiveram que assumir uma posição mais ativa na educação de nossos próprios pais, sem espaços para os mimos que hoje eles podem dar aos netos. Até porque é comum ouvir histórias de que nossos avós passaram por alguma dificuldade financeira ou foram privados de estudo.


Sendo assim, o que mudou da educação que eles pregavam para a que os seus filhos, hoje tutores, pregam atualmente? São várias! Mas vamos trazer alguns exemplos práticos. Será que você se identifica com algum deles?


Alimentação


Talvez o tema mais polêmico dentro dessas divergências. Quem nunca comeu um pacote inteiro de bolacha recheada ou tomou suco em pós? Graças ao avanço da ciência - e essa frase será constante ao longo deste artigo - hoje sabemos que comidas ultraprocessadas trazem muitos malefícios em comparação ao seu benefício único, que é sua praticidade. Outro fator que contou pontos contra esse modelo alimentar foi o boom de obesidade que hoje enfrentamos.


Estudos avançam e revelam a ação danosa a longo prazo da gordura trans, do açúcar e de tantos outros componentes presentes em alimentos que foram comuns na infância de tanta gente. O doce, inclusive, era símbolo de afeto e recompensa, e opções como nuggets e salsicha traziam a rapidez necessária para pais que trabalhavam o dia inteiro, por exemplo, e não contavam com nenhuma ajuda.


Outro alimento que ganhou ainda mais foco foi o aleitamento materno. Apesar de ser milenar e ter sua importância validada em qualquer fase da história do mundo, hoje ele recebe ainda mais apelo, também graças às pesquisas. Além disso, as mulheres lactantes contam com mais informações e ajuda de profissionais nesse período do aleitamento, tornando o processo menos doloroso e mais efetivo.


Privacidade


Se antes o conselho dos avós e até a intromissão direta era vista com bons olhos, como uma ajuda dos mais experientes, hoje há um conflito intenso nesse aspecto. Isso porque, como aponta artigo na Folha de São Paulo, os pais estão tendo filhos mais tarde e com mais independência financeira do que antes e, em contrapartida, esses avós estão sedentos por netos há muitos anos.


É aí que gera o ruído na comunicação: quem tem um filho hoje, tem muita informação a seu dispor e é mais independente do que era antigamente, quando era comum ter filho mais jovem e toda e qualquer ajuda era bem-vinda. Até mesmo morar junto dos avós era mais comum, por uma questão financeira mesmo. 


Portanto, o bom e velho conselho de avó pode não ser sempre bem-vindo, primeiro porque ele chegará carregado de conceitos que podem estar ultrapassados, e segundo porque ele será dado a uma pessoa que esperou bastante para ter filho, criou sua independência e estudou um pouco mais o tema, e pode não receber isso com bons olhos. 


“Naquela época toda ajuda era bem-vinda. Fui mãe jovem e não tive tempo de ler, de me preparar. Criei meus filhos no padrão da família antiga, em que os avós opinavam e isso era considerado ajuda, e não invasão de privacidade. Quando meu neto mais velho nasceu, percebi que tudo tinha mudado e ninguém tinha me avisado", conta Elisabete Junqueira, que criou o site Avosidade, à Folha.


"Os pais precisam deixar claro suas regras, com sinceridade e com afeto, e ver os avós como aliados. E os avós precisam respeitar as decisões dos pais, para que possam curtir muito seus netos sem tirar o protagonismo deles como principais cuidadores. Assim todo mundo ganha, especialmente a criança", afirma.


Educação


A palavra educação é bastante ampla e pode abranger uma série de coisas. Vamos começar falando sobre escolas, que assim como a ciência, também avançou em seus métodos pedagógicos. Hoje, busca-se cada vez mais um ensino acolhedor, onde o professor sai do lugar de autoridade máxima que ocupava antes para se tornar um parceiro do ensino. 


Métodos construtivistas, que tem como principal função estimular o aprendizado dos estudantes e incentivar a participação ativa dos mesmos - seja por meio de intervenções ou exposição de suas respectivas opiniões sobre determinado tema - são cada vez mais procurados.


Entende-se por educação também métodos mais positivistas, que em uma pesquisa rápida no Google, aparecem 26.600.000 resultados, dentre eles, uma série de livros a respeito do tema e muitas pesquisas. Por aqui no Plenae, convidamos a Telma Abraão, especialista no assunto, para participar de um Plenae Drops


E esse modelo educacional não se restringe somente às mães: os pais estão cada vez mais envolvidos com o dia a dia da criança, o que já demonstra uma mudança significativa também de antigamente para a atualidade. Contamos aqui um pouco sobre a paternidade afetiva e como ela pode ser benéfica para seus filhos. 


Punições


Um dos ruídos possíveis na relação que podem acontecer diante desses novos moldes são os avós acharem os pais muito permissivos e pouco “pulso firme”, como era “no meu tempo”, diriam eles. Mas isso porque atitudes como palmadas ou intimidações físicas, longos castigos e embates verbais hoje em dia são menos tolerados, até mesmo diante da lei. 


E há ainda o outro lado: avós que deixam tudo na ausência dos pais e que, quando devolvem essa criança aos seus tutores, deixam junto esse horizonte amplo de possibilidades, dificultando a reintrodução dessa criança em sua rotina onde há mais regras e mais tarefas. 


Isso entra, novamente, no problema de comunicação entre as duas partes, que precisam estar alinhados quanto ao que se considera certo e errado naquele contexto familiar, lembrando sempre que o pai e a mãe terão a palavra final, a menos que não tenham a capacidade de cuidar daquela criança por alguma limitação física ou emocional. 

É possível que as duas partes convivam em plena harmonia, mas é preciso ceder, dos dois lados. Lembre-se que o ambiente precisa ser, acima de tudo, acolhedor para aquela criança, que não deve temer ou preferir nenhum dos dois lados, mas sim, respeitar e amar de maneira igual. 

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