Para Inspirar

O poder do ócio para sua criatividade

Saiba como aquele tempo livre considerado tedioso para muitos, pode expandir seus conceitos, suas percepções e potencializar sua capacidade criativa

26 de Março de 2020


A palavra ócio tem origem no grego arcaico, scholé que, no latim, se tornou a palavra escola . Isso porque, para os antigos, só era possível dedicar-se a qualquer tipo de estudo os que tivessem tempo livre. E esse tempo deveria ser livre por escolha própria, é claro. Partindo desse princípio, se a escola era exclusiva aos que tinham tempo para divagar e adquirir conhecimento, logo, ter tempo é algo extremamente positivo aos que buscam justamente esse êxito na capacidade de encontrar respostas. E já pensou encontrar essas respostas - sobretudo profissionais - que há muito você procurava enquanto vivencia um momento de lazer? Com a força do surgimento das tecnologias, a carreira e o trabalho estão cada vez mais associados ao nossos dias, preenchendo quase que 100% do nosso tempo e nos deixando sem esse respiro necessário. E foi pensando nesses moldes de trabalho - ainda que não tão modernos na época - que o sociólogo italiano Domenico De Masi criou, nos anos 2000, o conceito do ócio criativo , que consiste em trazer esse equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional até para fins de êxito na carreira. E melhor ainda: dedicar-se um tempo a ficar fazendo nada , somente deixando duas ideias fluírem e divagarem. “Mas fazer nada significa nada a fazer?” pergunta o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, em palestra . Negativo. “O ócio é dedicar uma parte da sua existência e uma parte do seu tempo de vida a pensar sobre o sentido de viver” continua. Não por coincidência, a filosofia é fruto do ócio. “A filosofia é um pensamento sistemático e metódico sobre a realidade e seus porquês. Você tem que pegar uma questão e levá-la a densidade do raciocínio. Porque fazemos o que fazemos?” questiona Cortella. E o que isso tudo tem a ver comigo? Simples: o ócio exerce esse mesmo poder de expansão da consciência em todos os seres humanos que estiverem dispostos a encará-lo como algo produtivo. Foi em meio a uma quarentena que Newton , diante de uma tarde ociosa, viu uma maçã cair de uma árvore e chegou a brilhante conclusão que havia uma força maior que a puxava para a terra. Nasceu assim, em uma tarde livre e sem grandes demandas, a Teoria da Gravidade, que mudou o mundo para sempre. Nem todas as tardes dedicadas ao cálculo e experimentos do cientista obtiveram tanto sucesso do que esses simples minutos livres, dedicando-se ao “fazer nada”. Você não precisa fazer uma descoberta dessa magnitude, é claro. Mas o ócio criativo consiste, basicamente, em saber aceitar o seu tempo livre como algo importante para o seu processo da criação. Entender que as ideias podem fluir melhor de maneira mais espontânea quando se está desconectado dos seus afazeres principais. Para De Masi, forçar o cérebro a desempenhar atividades complexas quando ele já está “estafado”, ou seja, sobrecarregado de informações, é ineficiente. Nesse período, o seu cérebro está concentrado apenas em encontrar um meio de repousar, e todas as suas atividades cerebrais estão voltadas a isso. Isso porque o sono é o maior regenerador de ideias e higienizador cerebral, como pontuamos nessa matéria . Quando estamos felizes e vivenciando momentos leves, por sua vez, o cérebro se sente estimulado a visitar velhos conceitos e entrega respostas positivas e inesperadas. É necessário dar tempo mesmo à nossa máquina mais potente para que ela assimile conceitos e os desdobre em soluções. E isso não é achismo ou percepção: a psicóloga Kalina Christoff, do Departamento de Psicologia da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, publicou uma pesquisa na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), onde por meio de imagens de ressonância magnética e análises clínicas, provou-se que o cérebro está bem mais ativo durante o devaneio do que se imaginava. Posteriormente, ela dedicou um livro inteiro ( O Manual de Oxford de Pensamento Espontâneo ) para tratar do assunto e incentivar a todos que provocassem essa mudança em seus cotidianos. Então, o que eu devo fazer para começar a tentar aproveitar melhor esse ócio criativo?
  • Estabeleça, dentro de sua rotina, horários marcados consigo mesma. Esses horários não precisam estar preenchidos por outras atividades, como um exercício físico ou aula de cerâmica. Eles podem ser simplesmente horas vagas do seu dia para se dedicar ao que vier a sua cabeça.
  • Não se assuste ou se culpe por não estar “fazendo nada”. Lembre-se: fazer nada é também fazer algo pela sua atividade cerebral, que precisa repousar.
  • Aceite que nem todos os seus tempos livres te trarão grandes epifanias ou respostas reveladoras. Trazer esse peso justamente a um tempo que deve ser leve é colocá-lo no mesmo patamar das obrigações.
  • Ouça música e se deixe levar pelo seu som. Ela exerce um poder relaxante, divertido e pode conter em suas letras, palavras que se conectem com a sua preocupação. Isso pode surtir efeito no seu inconsciente.
  • Procure ter caneta e papel por perto, ainda que não em mãos. Assim, você pode correr para anotar assim que uma nova ideia surgir. Importante: prefira esse modo analógico aos blocos de notas de celular. Eles podem te distrair do seu foco inicial e te levar para outro aplicativo. Além disso, estudos comprovam que o processo da escrita é mais eficiente para o processo de memorização e aprendizado.
  • Encaixe esses períodos de relaxamento mesmo durante a sua jornada de trabalho, e não só ao final do seu dia, quando seu foco será somente dormir. A cada volta de uma pausa, você se sentirá renovado para seguir em frente com a cabeça mais fresca.
Que tal começar a colocar em prática essas dicas durante a quarentena? Compartilhe os seus momentos de descontração nos stories do Instagram e não se esqueça de marcar o @portalplenae. Aproveite as boas ideias!

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Personalidade e sociabilidade afetam a longevidade

Quem chega à velhice não necessariamente derrotou alguma doença crônica, mas encontrou outros recursos para não desenvolvê-la.

14 de Dezembro de 2018


Quem chega à velhice não necessariamente derrotou alguma doença crônica, mas encontrou outros recursos para não desenvolvê-la. “Os longevos evitam essas doenças graves por meio de uma série de medidas que muitas vezes dependem de conexões duradouras e significativas com outras pessoas”, diz o psicólogo Howard S. Friedman, professor de psicologia da Universidade da Califórnia. Em parceria com a colega Leslie Martin, ele escreveu O Projeto Longevidade , lançado em 2012, no Brasil, pela editora Prumo. A obra é uma compilação das descobertas realizadas ao longo de oito anos de pesquisa. Ele examinou a longevidade das 1.500 crianças de Lewis Terman – psicólogo da Universidade de Stanford, que em 1921 selecionou os melhores estudantes para analisar os fatores que levam ao sucesso intelectual. O estudo de Friedman é uma tentativa de responder às perguntas: “Quem vai viver mais tempo? E por quê?”. Mas tendo como base traços de personalidade, relacionamentos, experiências e planos de carreira. A equipe da revista da Associação Americana de Psicologia, a Monitor on Psychology , falou com Friedman sobre algumas de suas mais controversas descobertas – incluindo a ideia de que o estresse não é necessariamente tão ruim para a saúde. Por que é tão importante que os psicólogos estejam envolvidos no tema “longevidade”? HF: Sabe-se há muito tempo que o modelo biomédico tradicional de doença – que você é saudável até ficar doente – é seriamente defeituoso. Os psicólogos estão provavelmente melhor posicionados para corrigir essa abordagem biomédica ultrapassada. Estamos descobrindo as muitas maneiras pelas quais o bem-estar físico e o bem-estar subjetivo são os dois lados da mesma moeda. É hora de enterrar as distinções falhas entre saúde mental e física. É por isso que vejo O Projeto Longevidade como um potencial de troca de paradigmas, não um manual de “como fazer”. O que atraiu o senhor para o estudo de Terman? HF: Em 1989, fiquei frustrado com o desenvolvimento da pesquisa sobre diferenças individuais, estresse, saúde e longevidade. Ficou claro que algumas pessoas eram mais propensas a doenças, demoravam mais para se recuperar ou morriam mais cedo, enquanto outras da mesma idade conseguiam prosperar, mas não havia uma boa maneira de testar explicações a longo prazo. Eu não me importava muito se os estudantes estressados ​​pegassem gripe na época do exame – eu queria saber quem era mais propenso a desenvolver câncer ou doenças cardíacas e morrer antes do tempo. Mas como fazer tal estudo? Mais perturbador, eu estaria morto há muito tempo antes que os resultados chegassem. Um dia me ocorreu construir sobre os dados de Terman, estendendo o estudo que começou em 1921. Planejei passar um ano debruçado no projeto, mas passaram duas décadas e eu ainda estou nele. Uma quantidade tremenda de novas informações precisava ser coletada e refinada. As análises estatísticas são muito complexas. Mas adoro descobrir coisas importantes sobre saúde e longevidade que ninguém jamais imaginou serem fundamentais. E, felizmente, a persistência acaba sendo um dos melhores indicadores de saúde e vida longa. A pesquisa de Terman concentrou-se principalmente em crianças brancas de famílias de classe média. Que efeito você acha que isso tem na extrapolação das descobertas para outros grupos? HF: A amostra de Terman é o único estudo em grande escala ao longo da vida, continuamente detalhado, de meninos e meninas inicialmente saudáveis. Porque eles tinham acesso a cuidados médicos e educação, porém grande variedade de personalidades e relações sociais – uma excelente amostra para estudar as diferenças individuais. Há estudos que documentam a relevância do status socioeconômico, etnia e inteligência geral para a saúde. O Projeto Longevidade vai além e produz uma visão biopsicossocial profunda sobre essas associações de nível macro. É emocionante que nossas principais descobertas estejam sendo confirmadas por outros pesquisadores. Qual é a descoberta mais surpreendente da sua pesquisa? HF: A descoberta de muitas evidências de que ficar doente não é aleatório. Pelo contrário, existem grandes diferenças na suscetibilidade a lesões e doenças. Algumas delas têm a ver com a personalidade. Outras, com as relações sociais, incluindo casamento, família, amizade e observância religiosa. O mais surpreendente é descobrir que os fatores de risco e os escudos de proteção não ocorrem isoladamente, mas se agrupam em padrões. Por exemplo, os meninos inconsequentes – embora muito brilhantes – tinham maior probabilidade de, ao crescer, ter casamentos pobres, fumar e beber mais, obter menos educação e ser relativamente malsucedidos no trabalho. E eles morreram em idades mais jovens. Tais riscos à saúde e desafios de relacionamento, como o divórcio, são geralmente estudados de forma independente, o que acho um grande erro. Por outro lado, certas personalidades tiveram mais conquistas, melhores relações sociais e outros elementos de prosperidade que levaram a vidas mais longas e saudáveis. Leia a entrevista completa aqui . Assista ao vídeo aqui .

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