Para Inspirar

O que é riqueza, afinal?

Para mim, para você, para o planeta: o conceito de riqueza varia em cada indivíduo, mas segue alguns padrões em qualquer lugar do mundo

21 de Outubro de 2020


“Quando eu falo de riqueza, não é o dinheiro pelo dinheiro, não é o poder pelo poder. É o poder pela possibilidade de transformar.” Essa frase tão potente foi dita por uma figura tão potente quanto: Celso Athayde, personagem do último episódio da segunda temporada do Podcast Plenae - Histórias Para Refletir.

A partir dessa provocação, dúvidas inquietantes pairavam no ar: o que é riqueza, afinal? Por que há diferentes concepções de um mesmo conceito? Como ela se manifesta em diferentes culturas? Há algum símbolo em comum que categorize uma pessoa rica em qualquer lugar do mundo?

Para a economia, sociologia e antropologia, e para a cultura, a riqueza pode de fato atravessar diferentes explicações e métricas. Mas uma coisa pode ser dita em comum: ela é um símbolo social capaz de incluir e excluir na mesma medida.

Código da riqueza

Imagine um carro considerado “de última geração”. Conversível ou com teto solar, SUV ou rebaixado, preto ou vermelho: não importa o seu modelo, você saberá que ele é um carro “de rico” assim que bater os olhos. E por que será que isso acontece? A semiótica pode ser uma das primeiras explicações.

Em linhas gerais, a semiótica é o estudo dos signos, ou seja, dos elementos que nos cercam e o que eles significam. Parte-se do princípio de que verbal ou não, todos esses elementos possuem um significado para o ser humano, ainda que inconsciente, pois nossa espécie atribui essa interpretação a tudo que nos cerca.

Um exemplo prático disso é justamente o carro mencionado. Ele não é somente um veículo qualquer, pois traz consigo a ideia de velocidade, de deslocamento, de modernidade - e, porque não, de riqueza. Ele poderia ser só uma lata sobre 4 rodas, mas nenhum objeto é somente um objeto, pois vem sempre carregado de sentidos e significados.

E é a partir de todos esses códigos que temos os considerados “artigos de luxo”. Os “códigos da riqueza” são compostos por vários desses artigos, e são eles quem vão definir ou não se você está apto a fazer parte dessa casta. São objetos, mas também são locais que se frequentam, empregados que se possuem e maneiras de se portar.

Mais do que simples mercadorias, eles são representações desse universo que é feito, sobretudo, de acessos, palavra-chave que nos guiará para o próximo entendimento do que é riqueza. “Um dos pilares de entendimento para a Antropologia é a de que a riqueza é medida por um sistema de exclusões” explica a antropóloga e comunicóloga Valéria Brandini, especialista em ciências do consumo.

E, aqui, é necessário voltar duas casas. Não se trata somente de possuir os artigos de luxo mencionados ou não. Acesso é um conceito que pode englobar um universo de coisas. “No Brasil, uma pessoa que tem acesso, tem primeiramente acesso à alimentação, saúde e segurança. Você imagina o que é o contrário disso?” provoca Valéria.

Portanto, além da semiótica, temos a segunda possível explicação para a questão da riqueza: pode-se afirmar que, quanto mais acesso o indivíduo possuir, maior o seu nível de riqueza. “E esses acessos, em um país de tamanho continental e desigualdade social igualmente gigante, podem variar de serviços básicos a luxos inimagináveis. O rico, por aqui, pode ainda ter acesso a brechas da lei, por exemplo, que não se vê em outros países” comenta a antropóloga.

A mercadoria que não se vende

“A Sociologia entende por riqueza a capacidade de produzir e acumular algum tipo de recurso que tenha valor para uma cultura específica. Isso pode ser dinheiro, mas não apenas isso. Pode ser a capacidade de doar ou doar-se a alguém, a honra, o conhecimento, entre outros” explica o sociólogo e professor Liráucio Girardi.

“Esses recursos, para o sociólogo Bourdieu, podem ser culturais, sociais, simbólicos e econômicos. E podem ainda variar entre as culturas e, historicamente, dentro de uma própria sociedade” continua. “A própria Floresta Amazônica abriga um tipo de riqueza, a maior do nosso século, que é a sua imensa riqueza em biodiversidade riqueza do século XXI” diz.

Perceba então que riqueza pode ainda abrigar conceitos mais subjetivos do que somente artigo de luxo e acessos.“Existe um lugar chamado Ilhas Trobriand no Pacífico Sul, onde a pessoa mais rica é aquela que consegue oferecer mais pro outro, num processo chamado Kula. O mais rico é aquele que consegue doar o melhor presente, ou seja, a riqueza mora nessa troca. Quem oferece mais ao outro é o mais rico” explica a antropóloga Valéria.

A antropologia possui uma perspectiva de maior relativização do que é riqueza de acordo com o contexto cultural e como as pessoas percebem isso. “Você pode ir a um país do Oriente Médio onde não se vê muitos efeitos da globalização, e ter uma impressão até mesmo de um cotidiano mais tribal. Mas essas pessoas podem se acharem ricas, talvez não se sintam excluídos por sentirem que têm os acessos suficientes”.

Há um denominador em comum, contudo, que atravessa e diferencia todas essas definições: a cultura. “É a mesma coisa que higiene, o que é considerado higiênico em um país não é no outro. Esse padrão é cultural. Cada país vai desenvolver a sua mensuração de acordo com aquilo que confere qualidade de vida ao seu povo, e essa qualidade de vida num geral é mensurada na dinâmica de acessos que conversamos” explica.

O casamento da cultura e da riqueza

Não há como falar do segundo sem mencionar o primeiro. Mais do que mencionar, e preciso aprofundar-se no que é cultura. Ela, que ora caracteriza-se por ser um conjunto de hábitos sociais e religiosos que definem um determinado grupo de pessoas, e ora também pode significar manifestações artísticas e intelectuais produzidas por indivíduos.

“Existem três sistemas culturais estudados pela Antropologia: os sistemas culturais lato sensu , a alta cultura e o acesso ao conhecimento” menciona Valéria. Novamente retomando sociólogo Bourdieu, para ele o acesso à cultura constitui o chamado “hábitos de classe”.

“A pessoa pode nascer numa família com um determinado nível socioeconômico e ela pode virar um total rebelde e não querer nada com a alta cultura. Certamente, ela vai conseguir compreender determinadas estruturas culturais e históricas, porque ela teve acesso ao conhecimento, e a alta cultura se constrói a partir do conhecimento. Mas ela não terá justamente o hábito de classe” explica a antropóloga.

Cultura, portanto, não se compra. “Você pode comprar mil livros e não ler nenhum, porque a cultura é uma construção que vem de um investimento pessoal no conhecimento. Existem pessoas com riqueza econômica abundante, mas sem cultura, porque não tiveram uma disposição pessoal no conhecimento”.

O contrário também é verdadeiro. “A cultura é realmente uma riqueza, mas que depende em parte a criação que a pessoa foi submetida e exposta, mas também de um interesse pessoal.” É fato de que quanto maior a pobreza econômica, mais difícil o acesso - sim, novamente o acesso - pois os recursos pessoais são tão escassos, que devem ser voltados à sobrevivência.

Há duas formas de ler a cultura: ela pode ser um conjunto de normas de um povo ou pode ser a quantidade de estudo de um indivíduo. Ambas influenciam na concepção de riqueza.


É aí que entra a cultura não como manifestação artística ou de conhecimento, mas como uma norma que rege uma nação ou um grupo de pessoas que possuem a proximidade geográfica como denominador comum, pois estão todas concentradas em um mesmo lugar e reproduzindo os mesmos padrões.

“A pobreza gera um nível de necessidade e de exaustão de recursos que beira a animalidade” como descreve a antropóloga. Mas a riqueza, por sua vez, não garantirá ao indivíduo a alcunha de um ser culto. “Veja, há pessoas têm acesso e podem visitar outros países e enriquecer culturalmente, mas tudo que ela faz chegando lá é consumir somente bens e produtos, e não conhecimento. Não houve  o investimento pessoal. Enquanto isso, você tem poetas na periferia.”

Riqueza, cultura, poesia, periferia. Isso nos leva justamente a quem? Celso Athayde, empreendedor social mencionado no início desta reportagem. Um dos trabalhos fundamentais da CUFA, instituição fundada pelo mesmo, é levar cultura para as favelas, a cultura que pode ser consumida, produzida, reproduzida e, por fim, ser libertadora.

Isso porque, apesar de não ser um produto passível de ser comprada e depender de um investimento pessoal do sujeito, ela é capaz de abrir portas. Riqueza, portanto, para além da semiótica, dos acessos, dos artigos de luxo, dos países e suas concepções, é a predisposição a ter cultura e ser um ser cultural.

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Conheça os benefícios da Meditação Transcendental

A técnica possui semelhanças e objetivos semelhantes a outros tipos de meditação, mas busca atalhos mais rápidos que possam ser incluídos no seu dia

5 de Fevereiro de 2021


Para a maioria das pessoas, a meditação é uma tarefa sedutora na mesma medida que complexa. Isso porque suas promessas de mudança são tentadoras, e há comprovações científicas de seus benefícios, como o episódio da série Explicando mostrou - dentre as outras tantas comprovações pela internet.

Mas ela exige que visitemos lugares internos muito profundos, por vezes escondidos e até doloridos. Mais do que isso, ela nos desafia, em meio a uma sociedade moderna acelerada e imediatista, que paremos para ficarmos em silêncio. E não um silêncio qualquer, - que por si só, já seria benéfico - mas um silêncio externo e uma imersão interna.

É proibido, por exemplo, estar relaxado a ponto de pegar no sono, pois meditação não é (só) sobre relaxamento, mas sim, sobre a expansão da consciência e da sua capacidade cerebral que repercutirá em outros aspectos da vida. Mas ela, por consequência, acaba trazendo um domínio maior sobre si mesmo e sobre suas emoções.

Há diferentes técnicas que você pode seguir para conseguir meditar , mas todas elas levam um tempo considerável tanto na prática, quanto nos primeiros passos, até que você consiga estabelecer essa conexão tão valiosa consigo mesmo. Mas há uma, em específico, que vem ganhando notoriedade: a Meditação Transcendental.

Fundada pelo líder espiritual Maharishi Mahesh Yogi, ela “é única entre as técnicas de meditação, e se distingue por ser sem esforço, natural e de grande eficácia", como promete um dos sites sobre a prática . Ela é simples, natural e sem esforço, praticada de 15 a 20 minutos, feita duas vezes por dia. O praticante pode meditar em qualquer lugar onde possa se sentar confortavelmente, sem depender de um mestre, um local ou posturas específicas.

“A técnica da Meditação Transcendental permite que sua mente se aquiete e mergulhe para dentro, além do pensamento, a fim de experimentar o reservatório silencioso de energia, criatividade e inteligência encontrado dentro de cada pessoa – um estado natural de alerta em repouso. Durante a prática desta meditação, seu cérebro funciona com significativa maior coerência e seu corpo adquire profundo repouso”, diz o site.

Diferença

Para o Dr. James Krag, presidente da Sociedade Psiquiátrica da Virgínia, a meditação é como um medicamento e, assim como os medicamentos, há vários tipos deles, tanto em composição quanto em finalidade. Para ele, apesar de o nome completo nem sempre ser usado, a maioria das pesquisas que falam sobre meditação estão se referindo justamente à prática da Meditação Transcendental.

Porém, ele pontua: “Se a pesquisa mostra que um medicamento específico ajuda a tratar uma doença, seria irresponsável e ilógico concluir que todos os medicamentos ajudam a tratar aquela doença. Da mesma forma, a pesquisa sobre a Meditação Transcendental não deve ser generalizada e incluir outras técnicas que também são chamadas de ‘meditação’.”.

Segundo o instrutor de Meditação Transcendental, Mario Henrique, as técnicas de meditação se encaixam em três categorias básicas: Concentração, Contemplação e Transcendência. Na primeira, como explica, existe um nível de esforço relativamente alto. Na segunda, existe um esforço cognitivo médio.

Já na técnica da Meditação Transcendental quase não há esforço cognitivo, Isso não é, de forma alguma, ruim. Pelo contrário, ela mantém a alta coerência cerebral, melhorando seu foco, criatividade e até sua tomada de decisões. Ela também proporciona um nível de relaxamento muito profundo, que pode trazer um verdadeiro reequilíbrio hormonal e arterial, além de eliminar tensões profundamente enraizadas.

“Uma outra característica que só encontramos na Meditação Transcendental é a redução na atividade do Tálamo cerebral, responsável pela conexão dos estímulos sensoriais ao cérebro e pela sensação de interiorização e de introspecção, recolhimento em si mesmo” diz ele.

No site oficial da prática , você encontra caminhos para aprender a técnica, que apesar de ser fácil, é melhor se for feita com um instrutor nas suas primeiras vezes. Para eles, a principal diferença entre a Meditação Transcendental das demais é que ela busca ser mais simples e, assim, acoplar-se ao dia a dia da pessoa.

“O ensinamento de Maharishi é, essencialmente, demonstrar que a verdadeira meditação é exatamente o oposto do que as pessoas hoje entendem por “meditação”: uma forma de concentrar-se ou de controlar a mente. Mesmo que façamos o menor esforço, como a maioria das técnicas de concentração exige, ainda assim estaremos mantendo a mente ativa, o que impede que a mente transcenda para o nível mais refinado do pensamento e experimente o silêncio profundo” como dizem.

O grupo já ensinou a técnica para mais de 100 mil pessoas, seja em empresas, indivíduos sozinhos ou até entidades como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Isso porque realizar essa meditação é importante para evitar doenças psicossomáticas, estresse social e promover um ambiente de paz para todos - sobretudo aos que são expostos a episódios estressantes diariamente.

Separe um tempo do seu dia para dominar a técnica e buscar mais equilíbrio para seus dias. Mergulhar em sua consciência nem sempre precisa ser através de um caminho longo e árduo, afinal, você é sua própria morada, e deve se sentir confortável em sua companhia.

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