Para Inspirar

O que mudou na criação dos nossos avós para cá?

Da alimentação às punições, os pais hoje olham para a educação que tiveram e não perpetuam para seus filhos em vários pontos.

26 de Julho de 2022


Hoje é o Dia Nacional dos Avós! Quem teve a sorte de poder contar com essas figuras tão especiais na vida, sabe o privilégio que é na maioria das vezes. Não por coincidência, o bordão “na casa de avó, tudo pode” é tão difundido no nosso país, e essa figura é associada em filmes e livros a uma figura amorosa e generosa.


Mas o que muitas vezes esquecemos é que nossas avós já foram mães um dia, e nossos avôs, pais. E com isso, tiveram que assumir uma posição mais ativa na educação de nossos próprios pais, sem espaços para os mimos que hoje eles podem dar aos netos. Até porque é comum ouvir histórias de que nossos avós passaram por alguma dificuldade financeira ou foram privados de estudo.


Sendo assim, o que mudou da educação que eles pregavam para a que os seus filhos, hoje tutores, pregam atualmente? São várias! Mas vamos trazer alguns exemplos práticos. Será que você se identifica com algum deles?


Alimentação


Talvez o tema mais polêmico dentro dessas divergências. Quem nunca comeu um pacote inteiro de bolacha recheada ou tomou suco em pós? Graças ao avanço da ciência - e essa frase será constante ao longo deste artigo - hoje sabemos que comidas ultraprocessadas trazem muitos malefícios em comparação ao seu benefício único, que é sua praticidade. Outro fator que contou pontos contra esse modelo alimentar foi o boom de obesidade que hoje enfrentamos.


Estudos avançam e revelam a ação danosa a longo prazo da gordura trans, do açúcar e de tantos outros componentes presentes em alimentos que foram comuns na infância de tanta gente. O doce, inclusive, era símbolo de afeto e recompensa, e opções como nuggets e salsicha traziam a rapidez necessária para pais que trabalhavam o dia inteiro, por exemplo, e não contavam com nenhuma ajuda.


Outro alimento que ganhou ainda mais foco foi o aleitamento materno. Apesar de ser milenar e ter sua importância validada em qualquer fase da história do mundo, hoje ele recebe ainda mais apelo, também graças às pesquisas. Além disso, as mulheres lactantes contam com mais informações e ajuda de profissionais nesse período do aleitamento, tornando o processo menos doloroso e mais efetivo.


Privacidade


Se antes o conselho dos avós e até a intromissão direta era vista com bons olhos, como uma ajuda dos mais experientes, hoje há um conflito intenso nesse aspecto. Isso porque, como aponta artigo na Folha de São Paulo, os pais estão tendo filhos mais tarde e com mais independência financeira do que antes e, em contrapartida, esses avós estão sedentos por netos há muitos anos.


É aí que gera o ruído na comunicação: quem tem um filho hoje, tem muita informação a seu dispor e é mais independente do que era antigamente, quando era comum ter filho mais jovem e toda e qualquer ajuda era bem-vinda. Até mesmo morar junto dos avós era mais comum, por uma questão financeira mesmo. 


Portanto, o bom e velho conselho de avó pode não ser sempre bem-vindo, primeiro porque ele chegará carregado de conceitos que podem estar ultrapassados, e segundo porque ele será dado a uma pessoa que esperou bastante para ter filho, criou sua independência e estudou um pouco mais o tema, e pode não receber isso com bons olhos. 


“Naquela época toda ajuda era bem-vinda. Fui mãe jovem e não tive tempo de ler, de me preparar. Criei meus filhos no padrão da família antiga, em que os avós opinavam e isso era considerado ajuda, e não invasão de privacidade. Quando meu neto mais velho nasceu, percebi que tudo tinha mudado e ninguém tinha me avisado", conta Elisabete Junqueira, que criou o site Avosidade, à Folha.


"Os pais precisam deixar claro suas regras, com sinceridade e com afeto, e ver os avós como aliados. E os avós precisam respeitar as decisões dos pais, para que possam curtir muito seus netos sem tirar o protagonismo deles como principais cuidadores. Assim todo mundo ganha, especialmente a criança", afirma.


Educação


A palavra educação é bastante ampla e pode abranger uma série de coisas. Vamos começar falando sobre escolas, que assim como a ciência, também avançou em seus métodos pedagógicos. Hoje, busca-se cada vez mais um ensino acolhedor, onde o professor sai do lugar de autoridade máxima que ocupava antes para se tornar um parceiro do ensino. 


Métodos construtivistas, que tem como principal função estimular o aprendizado dos estudantes e incentivar a participação ativa dos mesmos - seja por meio de intervenções ou exposição de suas respectivas opiniões sobre determinado tema - são cada vez mais procurados.


Entende-se por educação também métodos mais positivistas, que em uma pesquisa rápida no Google, aparecem 26.600.000 resultados, dentre eles, uma série de livros a respeito do tema e muitas pesquisas. Por aqui no Plenae, convidamos a Telma Abraão, especialista no assunto, para participar de um Plenae Drops


E esse modelo educacional não se restringe somente às mães: os pais estão cada vez mais envolvidos com o dia a dia da criança, o que já demonstra uma mudança significativa também de antigamente para a atualidade. Contamos aqui um pouco sobre a paternidade afetiva e como ela pode ser benéfica para seus filhos. 


Punições


Um dos ruídos possíveis na relação que podem acontecer diante desses novos moldes são os avós acharem os pais muito permissivos e pouco “pulso firme”, como era “no meu tempo”, diriam eles. Mas isso porque atitudes como palmadas ou intimidações físicas, longos castigos e embates verbais hoje em dia são menos tolerados, até mesmo diante da lei. 


E há ainda o outro lado: avós que deixam tudo na ausência dos pais e que, quando devolvem essa criança aos seus tutores, deixam junto esse horizonte amplo de possibilidades, dificultando a reintrodução dessa criança em sua rotina onde há mais regras e mais tarefas. 


Isso entra, novamente, no problema de comunicação entre as duas partes, que precisam estar alinhados quanto ao que se considera certo e errado naquele contexto familiar, lembrando sempre que o pai e a mãe terão a palavra final, a menos que não tenham a capacidade de cuidar daquela criança por alguma limitação física ou emocional. 

É possível que as duas partes convivam em plena harmonia, mas é preciso ceder, dos dois lados. Lembre-se que o ambiente precisa ser, acima de tudo, acolhedor para aquela criança, que não deve temer ou preferir nenhum dos dois lados, mas sim, respeitar e amar de maneira igual. 

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Qual a diferença fundamental entre solidão e solitude?

Apesar de parecidas, ambas resguardam diferenças cruciais para o entendimento de seus significados.

5 de Agosto de 2020


Paul Johannes Oskar Tillich foi um teólogo alemão e filósofo da religião. Dentre suas várias contribuições ao mundo da teologia e filosofia do século XX, destaca-se justamente o tema central que trataremos ao longo dessa matéria: solidão e solitude. Afinal, qual a diferença entre ambas?


Em seu livro, “The Eternal Now” (em português, “O Eterno Agora”), Paul discorre acerca das palavras loneliness (solidão) e solitude (solitude). Apesar da segunda ser pouco usada no português, ela possui tradução e significado próprio na nossa língua.

Originária do latim, solitude pode ser descrita como “a glória em estar sozinho”. Isso implica em querer estar, em aproveitar esses momentos únicos consigo mesma. Solitude é, basicamente, escolher ser sozinho e ser feliz com essa escolha. É algo feito de forma deliberada, consentida e positiva. É, por exemplo, decidir viajar sozinho por um longo tempo, somente em companhia de si mesmo.

Ela é usada de forma poética na nossa linguagem. Segundo o psicanalista Felipe de Souza, autor de textos para o site Fãs da Psicanálise, “a solitude permite o tempo e o espaço e o silêncio para fazer o útil ou o belo. Também permite não fazer nada. Também permite desenvolver a espiritualidade, encontrar-se enquanto uma pessoa diferente dos demais e se aceitar como se é – independentemente da aprovação do outro.”

Portanto, ela é quase que um estado de silêncio meditativo, e nós já explicamos o quão poderoso pode ser estar quieto, tanto para seu corpo quanto para sua mente. Além disso, seguindo o raciocínio do psicanalista, a solitude pode ser um caminho poderoso para encontrar com a sua espiritualidade - que também revelamos morar dentro de si mesmo nesta matéria, basta querer encontrá-la.

Mas, e a solidão?

Há quem goste de ficar sozinho, ou melhor, curtindo sua própria companhia - com explicamos anteriormente. Mas, e quando esse isolamento não é feito de forma voluntária? Isso sim pode ser muito nocivo à saúde.

Isso porque a solidão é considerado um estado - ser solitário. E ela não traz consigo a escolha, a liberdade em ser só, que a solitude carrega. Ela é algo imposto à um ser humano que não escolheu aquela situação, e pode ser também uma identificação psíquica daquele ser.


Para o neurologista Fabiano Moulin, o isolamento pode ser muito nocivo ao cérebro. “Prova disso é a de que, em diferentes nações no mundo inteiro, a solitária é o castigo máximo que pode ser aplicado dentro de uma prisão, porque ela exerce um efeito gigantesco sobre a nossa espécie” explica.

Outra grande diferença entre solidão e solitude mora em suas permanências. Isso porque a primeira é uma permanência, uma condição, enquanto a segunda é um estado passageiro e deliberado. A solitude só é válida quando se tem um outro alguém para contar - e essa é a grande diferença: o ser solitário não possui ninguém, enquanto o que goza da solitude sabe ter, mas prefere estar só.

O que pensam os cientistas

Considerada por estudiosos uma verdadeira epidemia do século, a solidão parece atingir com mais força os millennials, ou seja, aqueles que nasceram entre os anos 80 e os anos 2000. Hoje, com idades entre 20 e 40 anos, eles apresentaram um resultado dentro do chamado “Índice de Solidão” considerado elevado em pesquisa realizada nos Estados Unidos - mas não se sabe o porquê disso.

Não por coincidência, dentro dos 20 mil entrevistados, os que apresentaram menores índices de solidão eram também os que detinham hábitos mais saudáveis e uma rotina com mais qualidade de vida, como maior presença dos familiares em seus dias, menos sobrecarregados de estresse e maior presença de exercícios físicos no dia a dia.


A solidão pode ser tão nociva à saúde que, por ser considerada epidêmica, também já preocupa as autoridades quanto aos gastos com a saúde pública em decorrência de seus efeitos. Cientistas já concluíram que ela pode piorar o sistema imunológico, elevar os níveis de cortisol e com isso os níveis de estresse - o que também dificulta a perda de peso, por exemplo - e até problemas para dormir, que acarretam em diversos outros problemas para nosso corpo.

Na terra da rainha há até mesmo políticas públicas voltadas para fomentar a sociabilidade da população. A primeira-ministra britânica, Theresa May, criou um ministério dedicado a cuidar dos males que afligem a sociedade moderna - e a solidão está incluída nessa. Pensando nisso, uma ONG local criou a campanha “Be More Us”, com o slogan “ to end loneliness ”, em português, “para acabar com a solidão”. Confira um dos vídeos emocionantes criados por eles clicando aqui.

Em uma das enquetes promovidas por eles, o resultado revelou que 52% dos entrevistados gostariam de ter com quem conversar, 51% sentiam falta de ouvir risadas de alguém e 46% se queixavam de não receber um abraço. E é por isso que a entidade estimula que as pequenas conexões diárias, como interagir com seus vizinhos ou até mesmo acenar para estranhos, tornem-se um hábito.

Por outro lado, a solitude é uma prática encorajada por muitos especialistas. A Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional acredita que marcar um encontro consigo mesmo todos os dias, sem mais ninguém por perto, é extremamente benéfico para o indivíduo, e que isso ajuda-o a fortalecer seu autoconhecimento e sua autoconfiança. Há até um vídeo sobre o tema, gravado por eles.

Que tal fazer as pazes com a sua solitude, e evitar a sua solidão? Mantenha uma vida social saudável, mas saiba aproveitar os seus momentos à sós, desfrutando de sua própria companhia.

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