Para Inspirar

Os 4 desafios da era da longevidade: dores e oportunidades

Conversamos com a empreendedora Layla Vallias, especialista em mercado prateado, para entender as dores e oportunidades dessa economia.

11 de Março de 2020


Que a economia prateada é um sucesso e não para de crescer, você já deve saber. Estamos vivendo cada vez mais e novos produtos e serviços especializados no público maduro se fazem cada vez mais necessários. Por meio deles, essa nova extensão de vida ganha outro significado e conhece uma nova liberdade e qualidade. Mas quais são, afinal, essas oportunidades? Entrevistamos novamente Layla Vallias , fundadora da empresa de consultoria Hype 60+, que traçou as 5 dores desse segmento. E é por meio dessas dores que surgem oportunidades incríveis para quem está pensando em se jogar nessa empreitada. FACILITADORES “É necessário se preparar emocionalmente, fisicamente e financeiramente para viver mais. A última é muito importante, porque a segunda maior perda na longevidade é a perda de espaço dentro das empresas” explica a empreendedora. Empresas que estão entendendo que o futuro é agora têm maiores chances de se dar bem. Mais do que isso: pessoas que pretendem  Isso serve para consultores financeiros que querem ajudar no planejamento financeiro futuro desses maduros, ou até mesmo para especialistas em recursos humanos que pensem em formas de reinserir essa parcela da população no mercado de trabalho. “Quando se fala em diversidade nos fóruns de empresa, longevidade nunca é uma pauta. As pessoas param de ter espaço dentro do mercado de trabalho aos 45 anos, isso é prejudicial não só para os longevos em si, mas também para os jovens que não possuem mais essa troca intergeracional”. Estar pronto para encarar temas delicados como o luto pode ser também um gap do mercado. “O momento da perda de um familiar é sempre complexo, mas poderia se tornar menos traumático com ajuda de facilitadores de toda a documentação que esse tipo de acontecimento demanda” comenta a empreendedora. EMPREENDEDORISMO SÊNIOR O empreendedorismo sênior é outra pauta de suma importância, porque pode englobar todas as nossas outras dicas. “Empreender ainda é muito associado a jovens. É necessário mais programas de empreendedorismo sênior no brasil, porque são pessoas que não eram acostumadas a empreender, mas sim, fazer carreira em um só lugar” relembra a publicitária. Empresas que promovem chamadas de negócios devem se atentar não só a ideias voltadas para o público 60+, mas também a quem está à frente dessas ideias. Afinal, quem melhor do que o longevo para saber o que falta no mercado para ele? “Essa intergeracionalidade também é muito rica, empresas que possuem jovens e maduros partilhando mesas e pensando em negócios com seus respectivos backgrounds , só traz resultado positivo” comenta Layla, que tem 29 anos, e é sócia do Hype 60+ ao lado de Cléa Klouri, de 63 anos. Quando pensamos em cuidados com o lar, logo nos vêm à cabeça a demanda por profissionais da limpeza. Mas e quando um familiar acaba precisando de um cuidador para fazer mesmo suas necessidades mais básicas e cotidianas da vida? “A pessoa da família que cuida de outra mais velha, geralmente já é idosa também. Hoje a gente tem uma pessoa de 70 cuidando de outra de 89. Mas a pessoa de 70 já tem as dores dela, acaba ficando muito estressada, e desenvolve um Burnout muito grande” comenta Layla. Em sua viagem para o Japão, a empresária percebeu o quão evidente e urgente é esse tema aqui no país. “No Brasil há uma falta de cuidadores profissionais, não é uma profissão sexy e demanda capacitação. Você não incentiva jovens ainda no seu processo de escolha de carreira a seguir por essa, por exemplo. Na França, eles trouxeram imigrantes. No Japão, estão indo para robótica. Mas por aqui, isso ainda nem é falado”. CIDADES INTELIGENTES O velho problema sob uma nova ótica: faltam cidades inteligentes mais capacitadas a receberem pessoas mais velhas. “O fato das cidades não serem inteligentes parece pouca coisa, mas não é. Isso, a longo prazo, começa a gerar um verdadeiro isolamento, pois elas não querem sair de dentro das suas casas por medo da violência ou de queda. E não necessariamente querem ir para um asilo, por exemplo” explica Layla. Pensar de que maneira podemos tornar o simples fato de ir e vir dos longevos uma experiência mais simples e democrática, não só é uma grande oportunidade de mercado, como também um ato cidadão. Pensar em menos casas de repouso e mais mobilidade urbana é olhar para um bem necessário em comum, mas que recebe pouca atenção. DESIGN DE SERVIÇOS Assim como tópico de empreendedorismo, o design de serviços deve ser a base de qualquer pessoa que visa empreender para o público mais velho. Isso porque mais do que atrativo, o produto deve ser útil, intuitivo e acessível. Como explicamos nessa matéria , há até mesmo um projeto sendo feito para a criação de um órgão específico, responsável por regulamentar essas novidades do mercado sob a ótica do gerontodesign e usabilidade. Essa validação está sendo chamada de Certificação Funcional, e deve ser estudada e levada em consideração para quem pretende empreender por esse ou qualquer outro caminho do mercado prateado. “Entender também as questões do ageísmo, que é o preconceito contra as pessoas mais velhas, e como ele respalda não só nas ofertas de produtos do mercado como nos próprios maduros, que não se reconhecem como idosos e muitas vezes se sentem invisíveis e até adoecem pessoas. Além disso, pensar em produtos financeiramente acessíveis, já que a desigualdade social é também a responsável pela enorme discrepância entre expectativas de vida dentro de uma mesma cidade” conclui Layla.

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Felicidade é amor, ponto final

Estejamos na idade em que estivermos: apenas o amor pode nos tornar reais e mais felizes. Ponto final.

24 de Abril de 2018


Bem-humorado em seus 83 anos de idade, George Vaillant brincou, elogiando os palestrantes jovens que foram capazes de apresentar seus talks de pé e sem auxílio de anotações. O estudioso que passou grande parte de sua vida pesquisando a felicidade apresentou exemplos de seu longo trabalho e falou sobre a surpreendente conclusão a que chegou com ele.

UMA PESQUISA DE 80 ANOS DE IDADE. UM RESULTADO ATEMPORAL

Em 1938, o comerciante norte-americano William T. Grant decidiu financiar um estudo bastante peculiar para a época: ele quis analisar a vida de centenas de pessoas desde a idade adulta até sua velhice. Sua ideia original era essencialmente filantrópica. “Quero ajudar as pessoas oferecendo um conhecimento mais aprofundado sobre como utilizar e aproveitar todas as coisas boas que o mundo tem a lhes oferecer”, dizia ele.

Assim se iniciou a pesquisa mais longa sobre felicidade e os preditores de um envelhecimento saudável, que começou em 1938 e continua sendo feita até hoje. Hoje com quase 80 anos de idade, essa pesquisa virou um enorme projeto que já envolveu o acompanhamento das vidas de 724 pessoas.

Ano após ano, essas pessoas são questionadas sobre sua saúde e suas vidas em casa e no trabalho. Também são coletadas amostras de sangue e os resultados são comparados. Desde o início, uma mensagem muito clara e pouco usual aparece em todos os resultados dessa pesquisa: bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e mais saudáveis.

Não é o nível de colesterol, nem a quantidade de exercícios físicos praticados, nem a longevidade dos genes o fator decisivo que destaca os pesquisados que exibem os melhores resultados.


Ao longo dos anos de pesquisa, percebeu-se que não importava se o pesquisado era pobre ou rico, cheio de saúde ou de problemas. O fator decisivo para sua longevidade e felicidade era a profundidade de suas relações, do momento em que ele nascia até o momento em que morria.

Assim, foi percebido o quanto conexões sociais são boas para nós. Pessoas que têm fortes conexões com suas famílias, seus parentes, seus amigos, são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais que pessoas com conexões sociais mais fracas. Relações mais próximas e menos frias com os pais e mães na infância resultaram em adultos menos ansiosos, mais satisfeitos e com melhores resultados – inclusive na vida profissional.

ADULTOS SAUDÁVEIS SÃO AQUELES COM RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS

George Vaillant foi diretor deste estudo durante muitos anos, trabalhando junto à Universidade de Harvard. Ao longo de sua carreira, ele enveredou pelo tema da psicologia positiva, mapeou o desenvolvimento adulto, a importância de mecanismos involuntários de coping (enfrentamento) e a recuperação de pacientes com alcoolismo.

Com esses anos de bagagem, o pesquisador chegou a descobertas bastante positivas, que vão contra o lugar-comum de que depois dos 30 anos de idade, nós paramos de crescer e nosso corpo começa a envelhecer. Para George, as pessoas continuam se desenvolvendo durante toda a vida, constantemente em busca de novas conexões.

Resumindo bastante os profundos estudos do professor a respeito de nossos mecanismos de coping (a forma como involuntariamente buscamos sobreviver), nosso organismo não busca primeiro nutrientes, vitaminas ou saúde física como forma de sobrevivência. Ele busca, acima de tudo, a companhia de outras pessoas.

Alguns de nós fazemos isso de forma saudável, ativamente procurando essa companhia – outros, criando fantasias e profundos distúrbios psicológicos. Sim, na busca pela conexão, nosso corpo pode ir a extremos. O que aprendemos com Vaillant é que não basta consumirmos todos os nutrientes necessários a cada refeição, se não formos capazes de metabolizar o amor.

Ao final do dia, não são os índices no exame médico que contam: são as pessoas que amamos. É hora de colocar os relacionamentos no topo das prioridades e se preocupar mais com o amor. A boa notícia é que se não tivemos o privilégio de encontrar conexões profundas em nossa infância e juventude, sempre é tempo de buscá-las. Estejamos na idade em que estivermos: apenas o amor pode nos tornar reais e mais felizes. Ponto final.

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