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Porque as empresas devem contratar trabalhadores mais velhos

A maioria das companhias considera, erroneamente, a idade avançada uma desvantagem competitiva

25 de Novembro de 2019


Há muito anos, por meio de uma pesquisa para a Deloitte, perguntamos a cerca de 10 mil empresas: “A idade é uma vantagem ou desvantagem competitiva na sua organização?” É provável que a resposta não lhe surpreenda. Mais de 2/3 das companhias consideram a idade avançada uma desvantagem competitiva. Se você tiver mais idade, é provável que irão considerá-lo menos capaz, com menos condições de adaptação, ou com menos disposição para arregaçar as mangas e realizar algo novo, contrariamente a seus colegas mais jovens. O mito alastrado pela indústria das aposentadorias é que as pessoas com mais de 65 anos de idade devem se aposentar. Apesar dos bilhões de dólares gastos para tentar nos convencer de que nossos “anos dourados” devam incluir viagens, golfe e sentar-se à beira da piscina, as pesquisas, na verdade, mostram que as pessoas que param de trabalhar e se aposentam normalmente sofrem de depressão, ataques cardíacos, e um mal-estar geral por não terem muitos propósitos na vida. Muitas pessoas, especialmente aquelas que tiveram uma carreira significativa por muito tempo, gostam, de fato, de trabalhar. Pelas sábias palavras de Stephen Hawking: “O trabalho concede um significado e um propósito, e a vida se torna vazia sem ele.” É a oportunidade de valorizar o próximo e a comunidade; ele proporciona uma rede de amigos e colegas com quem passar o tempo, como também concede algo para fazer com a sua energia física e intelectual. Por que queremos nos aposentar se gostamos do nosso trabalho? Inúmeras pessoas entre 60 e 70 anos de idade estão ativamente engajadas na carreira, e não pensam na aposentadoria. Aos 89 anos de idade, Warren Buffett ainda é lembrado como uma das mentes mais brilhantes no mundo financeiro, e Charlie Munger, seu braço direito, tem 95 anos. Aos 61, Madonna ainda é a incontestável rainha do pop. Aos 81, Jane Fonda está mais prolífica do que nunca na sua carreira como atriz e ativista. Tudo isso sugere que a idade coincide com o conhecimento do ambiente de trabalho, e as pesquisas provam isso. Contrariamente ao que se acredita, as pessoas mais antigas e com mais tempo de casa são as que têm mais êxito como empreendedoras. Aquelas com mais de 40 anos têm três vezes mais chances de criar uma empresa promissora como resultado da natureza paciente e colaborativa, e a ausência de uma atitude de “autoafirmação”, que normalmente acompanha os mais jovens. O que as empresas ganham com funcionários mais velhos? Os nossos sistemas de carreira, salários, recrutamento e avaliação não contemplam a contratação de pessoas mais velhas. Muitas empresas acreditam que elas “ganham muito” e podem ser “substituídas por trabalhadores mais jovens” que sabem realizar o trabalho da mesma maneira. Pessoas como Mark Zuckerberg – e outras – afirmam abertamente que “os mais jovens são mais espertos.” Temos uma indústria de mídia e de propaganda que glorifica os jovens. As evidências científicas que tratam tal assunto mostram dados diferentes. Para a maioria das pessoas, o poder mental natural diminui depois dos 30 anos, mas o conhecimento e a experiência – os maiores indicadores de desempenho no trabalho – continuam aumentando até mesmo depois dos 80 anos. Há também evidências suficientes que presumem que características como a perseverança e a curiosidade são catalisadores para a aquisição de novas habilidades, mesmo durante a idade mais avançada. Com relação ao aprendizado de coisas novas, simplesmente não há limite de idade, e quanto mais engajadas intelectualmente as pessoas ficam quando mais velhas, mais contribuirão para o mercado de trabalho. Além do valor e da competência que os trabalhadores mais velhos podem trazer para a força de trabalho, há também a questão da diversidade cognitiva. Pouco se tem alcançado em termos de valor quando as pessoas trabalham sozinhas. A grande maioria de nossos avanços – seja em ciências, nos negócios, na arte ou nos esportes – é o resultado da atividade humana coordenada – ou seja, pessoas trabalhando juntas como uma unidade coesa. A melhor forma de maximizar os resultados da equipe é aumentar a diversidade cognitiva, que tem maior probabilidade de acontecer se for possível agrupar pessoas de idades (e experiências) diferentes para trabalharem juntas. Fonte: Josh Bersin e Tomas Chamorro-Premuzic, para Harvard Business Review Síntese: Equipe Plenae Leia o artigo completo aqui . Josh Bersin é fundador da Bersin by Deloitte, e da Josh Bersin Academy, escola de pesquisa e desenvolvimento profissional para o RH e líderes de empresas. Tomas Chamorro-Premuzic é o Chief Talent Scientist na ManpowerGroup, professor de psicologia de negócios na University College London e na Columbia University, e professor adjunto no Harvard’s Entrepreneurial Finance Lab.

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Atletas e sedentários: qual a diferença entre seus corpos?

Conversamos com um fisioterapeuta para entender o que faz uma pessoa ser considerada sedentária e quais suas limitações comparadas a um atleta.

8 de Outubro de 2021


No quarto episódio da sexta temporada do Podcast Plenae, você conheceu a história do jogador de futebol, Daniel Alves. De Juazeiro do Norte, na Bahia, para o mundo todo, ele se consagrou com um profissional completo, detentor dos mais diferentes títulos dentro da modalidade e também um dos mais velhos ainda na ativa.


Para ele, o segredo do sucesso é a determinação, o foco e o verdadeiro gosto pela competição. Em busca de ser sempre a sua melhor versão e atingir a sua maior performance, Daniel chega aos 38 anos - idade considerada alta para esse tipo de esporte - sem falar em parar e sem diminuir suas conquistas. 


Segundo Maurício de Camargo Garcia, fisioterapeuta, mestre profissional pela UNIFESP e sócio fundador da SONAFE (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva) e do CETE (Centro de Traumatologia do Esporte da UNIFESP), essa conquista é uma construção de vários fatores. 


“Na construção de um atleta de alta performance, o aspecto físico é tão importante e presente quanto o aspecto mental, cerebral, emocional. Você consegue identificar, claro, se a pessoa tem uma condição muscular mais favorável ou mais característica de praticar uma atividade física. Mas somente um atleta de verdade sabe lidar, por exemplo, com a questão da dor, que faz parte dessa carreira”, explica o doutor. 


“Se ele se acostumou com ela e se recupera rápido de uma lesão, é aí que vai morar a grande diferença entre um atleta e um sedentário, ou até de um atleta de alta performance para um esportista recreacional. Até porque, para um atleta, estar parado por muito tempo pode implicar em perda de contratos e patrocínio. Sua recuperação é mais rápida porque ele depende disso, é o mental agindo sobre o físico”, diz.


Para o especialista, essa questão da recuperação é a principal diferença entre os dois perfis de pessoa. Além disso, uma lesão em um sedentário, além de implicar em menos frentes da sua vida, se dá também na maioria das vezes por falta de preparo para realizar aquele movimento.


Isso tem acontecido muito nos beach tennis, febre que tomou a cidade de São Paulo e multiplicou o número de esportistas cadastrados: de 2000 para 4500 em menos de um ano, segundo o vice-presidente da Confederação Brasileira de Beach Tennis. “Essa pessoa trata e volta a jogar no tempo dela, não tem a pressão que o esporte profissional traz para o atleta, e isso muda todo o cenário”, comenta Maurício.


Há ainda uma questão mais científica e cabeluda para o tema. Além do aspecto da dor, existem genes que caracterizam um atleta. “É uma proteína chamada Proteína Quinase Ativada (AMPK), envolvida em diferentes ações. Quanto mais você treina, mais você produz mitocôndria, responsável pela energia das células. Então o sedentário tem muito pouco disso e quando ele se lesiona, o tempo dele é diferente, a melhora também. A gente vê um atleta que opera o joelho e depois de 15 dias já está jogando. Tudo que você estimula no corpo de um atleta ou esportista responde muito melhor, existe essa diferença biológica mesmo”, diz o fisioterapeuta.


Então, é possível um atleta se tornar um sedentário no futuro? Como característica biológica, sim. Ele até pode ter a memória muscular, então um possível retorno seria mais fácil, mas isso não quer dizer que vá ser instantâneo, pois há uma diminuição nessa energia celular e muscular.


Os caminhos de transformações


Para definir o que é preciso que um sedentário faça para se tornar um atleta, antes, devemos entender o conceito do sedentarismo. “Ele é, na realidade, a ausência ou a diminuição da atividade física. E isso está associado principalmente ao pouco gasto calórico semanal. Então a quantidade de calorias que uma pessoa gasta por semana acaba definindo se o indivíduo é sedentário ou ativo. De repente, ela gasta bastante calorias porque anda muito e pega metrô. Não são necessariamente esportes, mas esse gasto calórico semanal importante já tira essa pessoa da linha do sedentarismo”, explica o especialista. 


Então, o primeiro passo de quem busca começar a atividade física sem se machucar mora justamente nesse gasto calórico. É preciso mirar no aumento desse gasto, seja caminhando, usando a escada, parando o carro mais longe. O que se encaixar na sua rotina. Uma vez nesse fluxo, a iniciação em algum esporte específico se dará de forma muito mais natural. 


Já o contrário também demanda atenção. Um atleta como o Daniel Alves não pode parar de jogar de um dia para o outro, pois ele se enquadra nos atletas de alta performance, e o choque para seu corpo seria imenso. É preciso um acompanhamento redobrado em quem busca desacelerar. 


“A prática da atividade física reflete em todo o funcionamento do corpo: melhora na circulação sanguínea, estimula a criação de células cerebrais que nos protegem de Alzheimer, Parkinson e até AVC, te mantém alerta e ajuda na produção da serotonina, que afeta diretamente o humor, a depressão. Então a falta de atividades físicas é ruim para todas essas séries de coisas, a começar daí”, diz Maurício.


“A perda de aptidão que eles têm com essa parada gera o que a gente chama de efeito rebote. Ele pode lidar, já de cara, com uma hipertrofia muscular. Começa a perder tônus e começa a ganhar mais gordura no lugar de massa magra. Partindo desse princípio, o coração é um músculo e pode ser prejudicada. A dieta dele pode mudar também e pode sobrecarregar o rim, aumenta a uréia, e até o fígado também com o ganho de gordura. Você também pode diminuir a oxigenação de alguns tecidos e gerar um desequilíbrio orgânico muito perigoso”, conclui. 


Estamos em pandemia há mais de 1 ano e meio e nosso corpo já começa a sentir os efeitos mais visíveis, como revelou esta matéria do jornal El País. De aumento do peso à rigidez muscular, o fato é que precisamos nos movimentar. Segundo a Organização Mundial da Saúde, é preciso focar mais na frequência do que na intensidade, e 30 minutos de atividades físicas por dia é o valor considerado ideal. Não é preciso virar o Daniel Alves, mas exercitar-se deve ser uma de suas prioridades diárias.


Saúde mental, sono e boa alimentação são fatores indissociáveis para quem busca essa mudança de vida. E procurar um especialista, seja ele um fisioterapeuta, nutrólogo ou até endocrinologista, é também indispensável, pois cada corpo demanda uma necessidade. Mas uma coisa é certa: os benefícios são incontáveis!

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