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Porque você não deve temer o tsunami prateado

Muitos temem que o envelhecimento da população destrua a economia mundial. Entenda por que isso não vai acontecer

29 de Agosto de 2019


A sabedoria convencional é que um envelhecimento da população é tóxico para o crescimento econômico. Quem fará todo o trabalho? Como pagaremos por todos os programas médicos e sociais dos idosos? Os economistas gostam de mostrar projeções assustadoras de como esta crise demográfica está chegando para nós. Os avisos soam ameaçadores. Mas talvez o que realmente não esteja envelhecendo bem seja a preocupação de uma crise inevitável. Queda na produtividade Nicole Maestas, economista de Harvard, e seus colegas calcularam, com base em dados de 1980 a 2010, que um aumento de 10% na população com 60 anos ou mais diminuiu o crescimento do PIB per capita em 5,5%. Ou seja, o envelhecimento dos americanos poderia desacelerar o crescimento econômico em 1,2 ponto percentual nesta década. Na próxima, a queda seria de 0,6 ponto percentual. Maestas adverte, no entanto, que as projeções são baseadas em tendências históricas e podem não ser previsões precisas. Seu palpite é que a produtividade diminuiu porque as pessoas mais qualificadas deixaram o mercado em número maior. Afinal, elas são mais bem-sucedidas e ricas e podem se dar ao luxo de se aposentar. Se ela estiver certa, não é que os trabalhadores se tornem menos produtivos à medida que envelhecem, mas que os mais produtivos parem de trabalhar. O que pode ser feito Porém, uma grande queda na produtividade não é inevitável. Novas tecnologias e políticas de negócios podem manter pessoas talentosas trabalhando por mais tempo. Equipes formadas por jovens e idosos, com diversas experiências, podem até ser mais produtivas. “Há poucas evidências de que as sociedades em envelhecimento sejam piores economicamente”, diz Daron Acemoglu, economista do MIT. Observando os dados do PIB de 1990 a 2015, Acemoglu não encontrou correlação entre o envelhecimento demográfico e o crescimento econômico mais lento. De fato, países como Coréia do Sul, Japão e Alemanha, todos com populações em rápido envelhecimento, estão indo bem. Uma razão possível? Automação. Países com força de trabalho envelhecida foram mais rápidos em adotar robôs industriais. Preconceito etário Faz 12 anos que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que “os jovens são mais inteligentes”. Há quase uma década, o bilionário Vinod Khosla disse: “Pessoas com menos de 35 anos são as que fazem a mudança acontecer”. Pesquisas acadêmicas indicam que Zuckerberg e Khosla estão errados. Em um estudo que analisou 2,7 milhões de fundadores de empresas, economistas do MIT, do US Census Bureau e da Universidade Northwestern concluíram que os melhores empreendedores são de meia-idade. Segundo eles, um empresário de 50 anos tinha quase duas vezes mais chances de construir uma empresa de sucesso do que um de 30 anos. O preconceito pode explicar por que o Vale do Silício fez um trabalho tão terrível na criação de startups em biomedicina, energia limpa ou em outras áreas que exigem conhecimento e experiência científica. Em pesquisas anteriores, Benjamin Jones, economista da Northwestern, apresentou evidências de que a maioria das grandes realizações científicas nas ciências físicas e na medicina ocorre na meia-idade, e não nos jovens. Trata-se de uma mensagem perdida no Vale do Silício e em seus investidores que gostam de jovens. Parece que os bilionários estão, afinal, estabelecidos em seus caminhos. Mesmo que eles não mudem suas idéias sobre o envelhecimento, é fundamental que nossa sociedade mude. O dano não será apenas econômico. O impacto financeiro e emocional dos trabalhadores mais velhos, incapazes de encontrar um emprego por causa do preconceito, é devastador para as famílias e as comunidades. E é uma dor causada por nosso próprio pensamento restrito e imaginação limitada. Mas, embora o envelhecimento possa ser inevitável, tornar-se improdutivo não é. Podemos estar enfrentando um tsunami demográfico, mas não precisamos ficar sobrecarregados. Fonte: David Rotman, para MIT Technology Review Síntese: Equipe Plenae Leia o artigo original aqui .

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Desmistificando conceitos: o que é a endometriose?

Saiba reconhecer os sintomas desse distúrbio feminino que pode trazer diferentes problemas, como dores e dificuldade para engravidar

20 de Julho de 2022


Engana-se quem pensa que autoconhecimento trata somente de nossa mente. Conhecer o seu corpo com profundidade é uma etapa importante desse processo, sobretudo reconhecer o que está desbalanceado. Saber identificar, por exemplo, os sinais de um corpo estressado, como te explicamos aqui, é muito importante para que você possa agir. 

Quando se trata do corpo feminino, há especificidades ainda mais complexas, sobretudo por causa do sistema reprodutor. Te contamos por aqui, por exemplo, um pouco mais sobre o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, mais conhecido como TDPM, a TPM que se torna clínica. 

Recentemente, a cantora Anitta revelou sofrer de dores crônicas, sejam elas durante o período menstrual, ou após relação sexual. Depois de muitos anos de desconhecimento, foi cravado um diagnóstico importante: a endometriose. Trazer isso à tona foi importante porque, apesar de ser um transtorno relativamente comum, ainda é pouco diagnosticado, ou pelo menos não na frequência que deveria. 

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a endometriose afeta cerca de 10% da população feminina brasileira. Somente em 2019, 11.790 brasileiras precisaram de internação por causa da doença. Mas afinal, do que se trata essa doença?

A endometriose

“Há um tecido que reveste a cavidade do útero chamado endométrio, que se renova todo mês porque fica se preparando para receber o embrião. Quando a mulher não tem uma gravidez, o endométrio se descama e é expulso do corpo naquele sangue da menstruação. A endometriose, em linhas gerais, é quando esse tecido se implanta fora do útero, podendo ser nos ovários, na cavidade abdominal, e outras partes do corpo”, explica Maurício Abrão (@drmauricioabrao), coordenador da ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e professor associado do departamento de ginecologia da USP.

Não há uma única causa para que ela aconteça, mas problemas relacionados ao sistema imunológico podem estar relacionados. A chamada menstruação retrógrada, quando a mulher menstrua e essa menstruação sai pelas trompas, podendo levar para a cavidade abdominal, também está relacionado.

Os principais sintomas, como dito anteriormente, estão relacionados a dores muito intensas durante o ciclo menstrual ou após relações sexuais. Mas, segundo Maurício, há como definir os sintomas em “6 D’s”: dor na menstruação, dor na relação sexual, dificuldade para engravidar, dor para evacuar na menstruação, dor para urinar na menstruação e dor entre as menstruações.

“O principal problema da endometriose a longo prazo é ter muita dificuldade para engravidar. Mas há também o fato de que os sintomas podem se tornar incapacitantes, e isso diminui muito a qualidade de vida dessa paciente. Por fim, ainda pode envolver múltiplos órgãos, como intestino e bexiga, de formas variadas.  Doenças de fundo imunológico, por exemplo, podem ter associação com a endometriose, como a Doença de Crohn”, diz o médico.

Além disso, segundo Maurício, 30% das mulheres que têm endometriose apresentam alguma disfunção tireoidiana, e estudos agora já apontam até a relação com doenças reumatológicas, como lúpus, ou de pele, como a psoríase. O perfil dessas pacientes, assim como as causas, são variadas também.

“Mulheres que têm menos filhos ou que demoram para engravidar e até que apresentam um nível de estresse mais elevado - o que altera a imunidade e favorece a doença. Há até alguns estudos na área de psicologia atrelados à ginecologia que apontam até detalhes da personalidade delas como detalhistas, exigentes e competentes, mas também muito ansiosas”, conta Abraão. 

Nova classificação

Nos últimos anos, Maurício e uma grande equipe de profissionais trouxeram uma nova classificação para a doença, justamente com a intenção de tornar o diagnóstico e o tratamento mais assertivos. Essa nova classificação descreve a doença de acordo com os vários locais que ela pode comprometer e a divide em 4 estágios.

“E aí nós desenvolvemos um aplicativo, chamado endometriosis classification AAGL, que vai te dizendo onde está a doença, qual sua classificação e em breve vamos conseguir até ler o seu ultrassom. Isso fez uma grande diferença para as pacientes que têm a doença porque você pode planejar o tratamento com muito mais preparo e mais assertivo”, diz.

Cirurgias avançadas para retirar os focos da doença de uma forma minimamente invasiva é considerado o tratamento ouro da doença, indicado para casos mais graves da doença. Em casos moderados, há medicações que ajudam no controle da dor. “Não menstruar faz parte de uma das modalidades do tratamento, não é algo arcaico, mas não funciona para todas as mulheres, até porque têm aquelas que querem engravidar, são coisas relevantes em relação a isso”. 


É preciso levar em consideração todos os sintomas e partir para os exames mais assertivos, como a ressonância pélvica com preparo intestinal, antes que a dor se torne incapacitante ou que isso prejudique a fertilidade dessa mulher. Cólicas menstruais fortíssimas ainda na adolescência já podem sim serem indicativos de que a endometriose está por ali. 

Procurar um especialista e não demorar tanto nessa procura é o que vai definir a evolução desse tratamento muitas vezes. “Eu acho que a conclusão disso é que primeiro: tratar de endometriose é tratar da mulher e não do órgão. Faz parte de um conceito terapêutico de tratamento integrativo, você trata da mulher de forma 360º, isso é muito importante e moderno”, conclui. 


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