Entrevista com
Colunista do Estadão e professor da FGV-SP
7 de Fevereiro de 2020
Conversamos com o colunista do Estadão e professor da FGV, Fábio Gallo, para entender melhor sobre as mais variadas formas de poupar e investir o seu dinheiro – e poder usufruir de uma aposentadoria tranquila financeiramente.
Como faço para começar a poupar? Para qualquer idade, poupar é um hábito, e como todo hábito, demanda um sacrifício inicial até que ele se torne automático. O primeiro passo para isso consiste em estabelecer objetivos claros para a sua vida. Aqui, vale de tudo: sonhos, valores, vontades. Como eu quero estar aos 60 anos? Onde? Qual a renda que eu precisaria ter para concretizar isso? Tendo essas respostas claras, você consegue avançar para o segundo passo, que é o planejamento financeiro. Quanto eu ganho? Quanto eu gasto? Quanto eu consigo guardar todo mês? E o terceiro e último passo é buscar um conhecimento básico sobre as mais variadas formas de se investir esse dinheiro, agora que você já sabe o valor dele e seu objetivo.
Eu consigo guardar dinheiro para a aposentadoria já em uma idade avançada? O ideal é que essa preocupação com o futuro surja ainda quando se é jovem, mas existem opções de investimento para toda a vida. Isso entra, novamente, na questão de objetivos e sacrifícios. É preciso que os dois estejam alinhados, suas vontades futuras e sua capacidade de sacrificar parte de sua renda todo mês para isso. Outro fator que entra novamente nessa jogada é a educação financeira. O brasileiro infelizmente possui um analfabetismo financeiro muito grande, pois não praticamos isso. Acreditamos demais em alternativas propostas pela mídia ou pelo banco, sem buscar conhecimentos mais aprofundados. Não adianta só guardar dinheiro de forma equivocada, porque você vai descobrir na aposentadoria que isso pode não ter sido o mais adequado.
O que é melhor: investir ou poupar? Há uma confusão entre investimento e poupança, que é guardar dinheiro ou fazer ele render. Qualquer forma de investimento é boa em si, até mesmo para a criação do hábito já mencionado, mas não para todos os bolsos e a qualquer momento. As formas de poupar e investir no Brasil são as mais variadas possíveis. Você pode guardar dinheiro na caderneta de poupança? Sim, mas o indicado é que ele seja apenas para as surpresas do dia a dia, e não a longo prazo. Já os investimentos são o movimento contrário: é preciso colocar o seu dinheiro lá e esquecer que ele existe. Até por isso demanda um planejamento maior.
Quais são então as melhores formas de se investir esse dinheiro? Varia muito de pessoa para pessoa. Os planos de previdência privada são boas alternativas a longo prazo, por exemplo, mas é um produto bastante caro no Brasil, porque há muitas taxas. Ao mesmo tempo que ele posterga pagamentos tributários e é fácil de comprar - já que todos os bancos te oferecem - ele é mais caro e mais limitado, oferece poucas opções, sendo mais difícil de encontrar um ideal para você. Pensando em demais investimentos, você tem o tesouro direto que permite investimentos baixíssimos, podendo começar com 30 reais, por exemplo. Existe ainda o CDB, os mais diferentes créditos imobiliários, fundos de renda fixa, fundo de multimercado, e até uma pequena parcela num fundo de ações ou mesmo numa carteira de ações. É estudar e entender qual está mais alinhado com seus objetivos e sua renda. Por fim, ainda há os investimentos exóticos, mais indicados para quem já é expert na arte de investir. Eles envolvem obras de arte, compra de ouro e até alimentos como escargot. Outras dicas importantes: saber a liquidez de cada um, para o caso de um saque de emergência, além de suas respectivas taxas de administração - alguns exigem uma taxa mais alta.
A compra de imóveis já foi moda um dia. Ela ainda vale a pena? Imóvel é um risco pois, apesar da segurança em ser seu sem risco de perdê-lo (uma vez quitado, é claro), ele não possui liquidez. Você não consegue o dinheiro de um dia para o outro, caso precise, por exemplo. Colocá-lo para aluguel tem se provado um mal negócio nos últimos 5 anos, pois a demanda estava baixa, e o imóvel gera custos mensais mesmo sem ninguém o habitando. A menos que você tenha muitos imóveis para alugar, é claro. O ideal, para uma pessoa leiga e mais conservadora que queria investir em imóveis, é aplicar o dinheiro que seria da sua compra em um fundo imobiliário de baixo risco.
Qual foi a principal mudança que a Reforma da Previdência trouxe? A mudança na mentalidade que o brasileiro vai ter de assumir, de agora em diante. Isso porque, com as novas entraves, é necessário que a preocupação com investir o seu dinheiro comece desde cedo, para que a aposentadoria pública vire um complemento, e não mais sua única fonte de renda nessa fase da vida.
DICAS DE OURO
Pegue sua caneta e comece a anotar!
Na sétima temporada do Podcast Plenae, inspire-se com a história de superação e coragem de Deborah Telesio.
21 de Março de 2022
É possível deixar a religião de lado quando o assunto é salvar vidas? A administradora Deborah Telesio viu na prática que sim. Representando o pilar Espírito, ela que é judia, teve um apoio fundamental dos árabes durante o tsunami de 2004, na Indonésia.
Apaixonada por viagens, Deborah conheceu os 4 cantos do mundo e em muitas dessas aventuras pôde contar com a presença de sua amiga, Marie, também judia. Em uma dessas viagens, decidiram ir conhecer a Indonésia. Logo ao chegar lá, perceberam que estavam hospedadas diante de um templo judaico e resolveram acender velas para abençoar o resto de sua estadia. A viagem foi se desdobrando sem maiores problemas, até que o último dia chegou.
Deborah e Marie foram visitar a praia de Railay Beach. Assim que acordaram, sentiram leve tremor saindo do solo, mas não deram muita importância, afinal era pequeno e não parecia ameaçador. Ao chegarem efetivamente na praia, Marie não estava afim de fazer mergulho com Deborah e decidiu ficar na areia. A administradora então seguiu sozinha rumo ao que seria a maior aventura de sua vida.
“Num intervalo de tempo que eu não sei quanto durou, aconteceu algo que arrancou a minha máscara, o snorkel, os pés de pato e a câmera fotográfica da minha mão. Quando eu dei por mim, estava com a cabeça fora da água, só de biquíni”, diz. Deborah enfrentou a segunda e depois a terceira onda. Dessa última, ela relata ter sentido que foi puxada da água por uma luz branca, algo tão poderoso e preciso, que na hora ela pensou ser “um colchão de anjos”.
A sucessão dos eventos foi se deparar com a cidade então destruída e a busca por sua amiga. Mas o que Deborah não esperava era ter recebido tanta ajuda externa para se recompor - e o mais importante é que, nessa hora, não há diferença de crenças ou cor. Somos todos um só.
“Uma família de muçulmanos me enfiou no carro e cuidou de mim. A mulher me cobriu com um tecido e perguntou do que eu precisava. (...) Essa família parou num posto de gasolina, me enfiou no chuveiro e me deu as roupas do filho, um menino de uns 10 anos. Esse menino tirou o chinelo dele e me deu.”, conta
Sua amiga, Marie, foi amparada por israelenses, que literalmente a carregaram enquanto ela aguardava o resgate. A sensação que ficou para as duas de um episódio tão traumático é que a renovação do contrato com a vida foi feita. “Eu carrego dessa história uma sensação de agradecimento gigante de saber que não só eu podia ter morrido, como a Marie também podia. Se ela não tivesse sobrevivido, eu não seria mais a mesma. A Marie é uma das pessoas que eu mais gosto no mundo. A palavra gratidão tá um pouco batida, mas ela é real. (...) Eu tenho uma coisa meio fantasiosa na cabeça de que eu fiz um novo contrato com a vida.”
E que as coisas aconteceram exatamente do jeito que deveriam, uma única mudança e não estariam aqui. E hoje, não sentem dúvidas de que há algo muito maior e poderoso que rege a todos nós. “Eu me perguntei muito por que eu passei por tudo isso e por que outras pessoas morreram, mas eu não. O que me faz sentido é que eu precisava trazer a minha filha pro mundo. Um ano depois do tsunami, eu conheci meu atual marido. Eu virei mãe da Nina aos 43 anos.”
Ouça esse lindo relato na sétima temporada do Podcast Plenae. Aperte o play e inspire-se!
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