Entrevista com

Marcia Scazufca

Psicóloga

Idosos não são melancólicos por natureza

8 de Abril de 2019



O preconceito de que idosos são melancólicos por natureza é um dos entraves para o diagnóstico da depressão nessa fase da vida. Na verdade, o distúrbio mental atinge igualmente de 7 a 10% dos  jovens e velhos. Segundo a psicóloga Marcia Scazufca, pesquisadora científica na área de epidemiologia e saúde mental da Faculdade de Medicina da USP, os velhos usam a sabedoria para driblar problemas inerentes à faixa etária. "Por terem passado por muita coisa, eles geralmente estão mais preparados para lidar com as dificuldades", diz ela. A seguir, ela fala sobre a saúde mental de idosos brasileiros. 

Quais são os problemas mentais mais comuns em idosos?  São a demência, um transtorno mental típico do avanço da idade, e a depressão. Diferentemente da demência, a depressão tem tratamento. A maior parte das pessoas pode ser tratada e ficar bem. O problema da depressão é que muitas vezes ela não é identificada. 

Quais são os principais sintomas da depressão? Os principais são humor deprimido, como se sentir para baixo e sem perspectiva, e pouco interesse e prazer em fazer as coisas. Há também sintomas complementares, como se sentir cansado e sem energia, problemas para dormir, alteração no apetite, culpa excessiva, dificuldade de concentração para fazer coisas simples, além de agitação ou lentidão. Em alguns casos, a pessoa não tem mais vontade de viver. Esses sintomas se confundem com o estigma da velhice, o que dificulta o diagnóstico da doença. É socialmente aceitável que um idoso fique num cantinho, sem grandes vontades e prazeres, pois é comum a ideia de que velhos não servem para nada. 

 A prevalência de depressão aumenta na velhice? Existe um preconceito de que o idoso tem mais depressão do que os jovens. Na verdade, a prevalência da doença é semelhante em todas as etapas da vida adulta: atinge de 7 a 10% da população. A gente acha que no fim da vida a pessoa teria motivos para estar depressiva, porque adoece, não trabalha mais e perde entes queridos. No entanto, esquecemos que os mais velhos são os sábios da sociedade. Por terem passado por muita coisa, eles geralmente estão mais preparados para lidar com as dificuldades. 

Quais são as maiores barreiras para o diagnóstico da depressão? São várias. Uma delas é o estigma social, como eu disse. Nem o idoso nem seus familiares estranham sua mudança de comportamento. O estigma atinge também os profissionais de saúde, que, além do preconceito, não se sentem capacitados para lidar com transtornos mentais. Se 10% dos idosos brasileiros tiverem depressão, estamos falando de 3 milhões de pessoas, somente nessa faixa etária. Nenhum país do mundo conta com psicólogos e psiquiatras suficientes para atender essa quantidade de gente. Quem precisa identificar e tratar a depressão é a Atenção Básica. Essa é, inclusive, a determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dois terços dos idosos brasileiros são atendidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A rede pública deve encontrar formas baratas e efetivas de treinar profissionais generalistas para detectar e tratar doenças mentais comuns. Psicólogos e psiquiatras ficariam apenas com os casos mais difíceis. 

Como esse treinamento pode ser feito? Profissionais da Estratégia de Saúde da Família vão uma vez por mês à casa dos pacientes. Os agentes comunitários podem ser treinados para identificar a mudança de comportamento de uma pessoa. Se um velhinho que era alegre e brincalhão passa a ficar quietinho em um canto, há algo errado. Os agentes também podem ficar atentos a situações que aumentam risco de ter depressão, como violência, doenças graves e pessoas que têm queixas múltiplas e nunca melhoram. 

 De que maneira um idoso pode preservar a sua saúde mental? A saúde mental não se constrói na velhice. Ela começa desde que o indivíduo está na barriga da mãe. Assim como a saúde física, a mental é cultivada durante toda a vida e influenciada por relacionamentos, conhecimentos e finanças. É necessário preservar o bom humor e se preparar para a velhice por meio do autocuidado, com fontes de lazer, prática de atividade física e uma rede de suporte. Se eu parar de aprender, vou me tornar uma pessoa chata que não sabe conversar. Caso meu amigo morra, preciso buscar novas amizades. 

O tratamento da depressão é diferente na velhice e na vida adulta? É o mesmo, à base de medicação, terapia ou uma combinação dos dois. O que muda são os assuntos. Cada fase da vida tem suas especificidades. Idosos muitas vezes têm problema de mobilidade e doenças que favorecem a depressão, por isso precisam de uma atenção diferenciada. 

A depressão atinge idosos de todas as classes sociais ou os mais pobres são mais vulneráveis à doença? A pobreza é um fator de risco muito importante para todas as doenças crônicas, inclusive os transtornos mentais. Pobres vivem em situação de vulnerabilidade social, provavelmente moram em um lugares com entornos violentos, se alimentam mal, têm menos opções de lazer e de atividade física, fatores importantes para o humor. Isso não quer dizer que todo pobre terá depressão, nem que ricos não podem sofrer da doença, mas a prevalência é maior entre os menos favorecidos. O envelhecimento no Brasil é galopante. A grande questão hoje é: como cuidar do idoso pobre? Se ele não tiver tratamento, seu envelhecimento vai ser muito triste. 

Por que o suicídio é mais prevalente entre idosos? A depressão em si não mata, mas é um fator de risco importantíssimo para o suicídio. Então, é importante tratar a doença para a pessoa nunca querer se matar. Conversar sobre os problemas e a depressão é a melhor forma de prevenir o suicídio. Entre os idosos, a depressão é agravada pelo isolamento social, que pode ser brutal.

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Plenae Apresenta: aprendizados da família Gil

Mais do que uma família de artistas sensíveis, Gilberto Gil é a prova de que é possível partilhar sonhos e projetos diferentes com os seus familiares

21 de Maio de 2021



Que o Gilberto Gil é um dos maiores nomes da música e da arte brasileira, isso você já sabe. E provavelmente, sabe também que ele multiplicou o seu amor e constituiu uma linda - e grande - família! Dela, nasceram diferentes ramificações que foram virando parceria em projetos e sonhos.

Primeiro, é preciso entender quem é quem. Gilberto Gil, o grande patriarca, foi casado com Belina de Aguiar Moreira Gil, já falecida . Com ela, teve as filhas Marília e Nara Gil, que por sua vez, tiveram os filhos - netos de Gilberto - Pedro, Gabriel, João e Lucas Gil.

O casamento com Belina, que durou apenas 2 anos, acabou, mas ele não ficou solteiro por muito tempo. Pouco tempo depois, Gilberto conheceu Sandra Barreira Gadelha Gil Moreira, com quem namorou e eventualmente casou-se. Com ela, teve os filhos Pedro (já falecido), Preta e Maria Gil, o neto Francisco Müller e sua primeira bisneta, Sol de Maria.

Por fim, Gil separou-se novamente e, em 1988, casou-se com Flora Nair Giordano Gil Moreira, com quem teve os filhos Bem, José e Bela Gil, além dos netos Bento, Dom, Sereno, Flor e Nino. No total, Gilberto Gil contabilizou 3 esposas, 8 filhos, 10 netos e 1 bisneta. Existe representante melhor do pilar Relações ? O que podemos aprender com eles?

Distância não é um problema

Como muitas famílias, a de Gil tem parte delas morando separados, em estados diferentes, portanto, ele nem sempre pode estar com os seus filhos. No Rio de Janeiro reside o patriarca com sua esposa, e as filhas Marília e Preta, por exemplo. Sua filha Bela mora em São Paulo e sua filha Nara mora na Chapada Diamantina, na Bahia. E assim por diante.

A união é importante

Apesar da distância geográfica, a família Gil sempre é vista junta. Agora, com a pandemia, a frequência diminuiu por motivos de segurança, mas ainda assim, eles encontram um jeito de se verem para celebrar a vida. Separados há meses, no final de 2020 eles puderam se reunir e posaram juntos para uma campanha da marca Hering , com o tema “Andar com fé eu vou”.

Partilhar as semelhanças

Como Gil definiu em matéria para o Jornal O Globo , usando um ditado popular, “a fruta não cai longe do pé”. Apesar de terem profissões diferentes entre si, os integrantes da família Gil costumam sempre pender para o lado artístico. Além das conhecidas Preta e Bela Gil, cantora e apresentadora de TV (além de nutricionista), respectivamente, há produtores culturais - como Marília, recentemente nomeada coordenadora do MAM - entre os membros e até uma banda - Os Gilsons - compostas por filhos e netos. Até mesmo sua pequena neta Flor já demonstra aptidão musical.

Respeitar as diferenças

Apesar de tantas semelhanças, como as mencionadas acima, há também diferenças entre eles. Em entrevista ao programa Altas Horas , Preta Gil contou uma das principais: os hábitos alimentares dissonantes de Bela Gil com os outros. Mas, deixou bem claro que a irmã nutricionista nada impõe, somente indica, e que essa liberdade faz com que todos busquem se inspirar nela. A religião também é um tema entre eles, já que nem todos partilham das mesmas crenças. O próprio Gilberto Gil é adepto do Candomblé com ares humanistas - segundo suas falas -, mas teve criação católica, religião ainda exercida por alguns de seus filhos.

É possível cocriar

Trabalhar em família pode ser um pesadelo para alguns. Mas não para os Gil’s, que são a prova viva de que é possível cocriarem juntos de forma pacífica e muito rica. Recentemente , o patriarca se uniu ao seu filho e dois netos (a banda Gilsons), além do fotógrafo Sebastião Salgado - e criou um single chamado Refloresta, um convite para protegermos a nossa mata. Além disso, a família frequentemente canta juntos em programas e pequenas apresentações nas redes sociais, e prevê uma turnê juntos pela Europa , adiada por conta da pandemia.

Coração de mãe…

… Sempre cabe mais um! E esse parece ser o lema de uma família que já é tão grande, mas sempre abraça quem chega. É o caso de Belina, filha de Gil do primeiro casamento, que nutre intensa simpatia e amizade por sua madrasta, Flora Gil. A união das mulheres, principalmente, de diferentes gerações, é tão marcante, que virou tema da campanha da marca Arezzo , cujo objetivo era enfatizar o poder da rede de apoio feminina.

A família que canta e encanta conseguiu multiplicar um amor latente dentro de todos eles. Esses são só alguns ensinamentos que essa rede tão grande e unida pode nos trazer. Que tal se inspirar para aplicar em suas próprias relações? Lembre-se de que a família é a nossa primeira e última casa no mundo, e manter harmonia nesse núcleo é fundamental para uma vida equilibrada!

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